A gastrite crônica é uma inflamação prolongada da mucosa do estômago, que ocorre de forma contínua ou recorrente ao longo do tempo. Ao contrário da gastrite aguda, que surge de forma súbita, a forma crônica costuma se desenvolver lentamente, podendo evoluir de maneira silenciosa por anos, até causar sintomas ou complicações digestivas significativas.

O que é gastrite crônica?
É uma condição na qual há inflamação persistente da mucosa gástrica, geralmente causada por agentes irritativos de longo prazo, como a infecção pelo Helicobacter pylori ou o uso contínuo de anti-inflamatórios. Essa inflamação crônica pode levar à atrofia das células do estômago, prejudicando a produção de ácido e enzimas digestivas e, em alguns casos, predispondo ao surgimento de lesões pré-malignas.
Principais tipos de gastrite crônica
1. Gastrite crônica por Helicobacter pylori
Forma mais comum. A bactéria H. pylori coloniza a mucosa gástrica, provocando inflamação crônica que pode evoluir para atrofia, metaplasia intestinal e aumentar o risco de câncer gástrico.
2. Gastrite crônica autoimune
Menos comum. Ocorre quando o sistema imunológico ataca as células parietais do estômago. Está associada à deficiência de vitamina B12 (anemia perniciosa), acloridria e maior risco de câncer gástrico.
3. Gastrite química ou por refluxo biliar
Causada pelo refluxo de bile do intestino para o estômago, ou pelo uso crônico de anti-inflamatórios, álcool e outras substâncias irritantes.
Sinais e sintomas da gastrite crônica
Os sintomas podem ser vagos ou ausentes por longos períodos. Quando presentes, incluem:
- Desconforto ou dor na parte superior do abdome (epigástrio)
- Sensação de queimação ou peso após as refeições
- Náuseas ou enjoo frequente
- Inchaço abdominal (distensão)
- Perda de apetite
- Sensação de digestão lenta
- Em casos avançados: anemia, emagrecimento, vômitos com sangue ou fezes escurecidas (melena)
Fatores de risco
- Infecção por Helicobacter pylori
- Uso contínuo de anti-inflamatórios (AINEs) e aspirina
- Consumo excessivo de álcool
- Tabagismo
- Estresse crônico
- Dieta rica em alimentos processados, gordurosos ou muito condimentados
- Cirurgias gástricas prévias
- Doenças autoimunes
- História familiar de câncer gástrico
Tratamento da gastrite crônica
O tratamento depende da causa subjacente e pode incluir:
Erradicação do H. pylori
Esquemas antibióticos combinados com inibidores de bomba de prótons (IBPs), por 10 a 14 dias.
Uso de protetores gástricos
IBPs (omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, etc) e bloqueadores H2, que reduzem a acidez e promovem a cicatrização da mucosa.
Reposição de vitamina B12
Nos casos de gastrite autoimune ou quando há deficiência documentada.
Mudanças no estilo de vida e dieta
- Evitar álcool, cigarro, café em excesso e alimentos irritantes
- Realizar refeições menores e mais frequentes
- Evitar deitar logo após comer
- Reduzir o estresse
Acompanhamento endoscópico
Em pacientes com gastrite atrófica, metaplasia intestinal ou sintomas persistentes, a endoscopia com biópsia é fundamental para vigilância de lesões pré-malignas.
Complicações da gastrite crônica
- Anemia ferropriva ou por deficiência de B12
- Gastrite atrófica
- Metaplasia intestinal
- Displasia gástrica
- Adenocarcinoma gástrico (em casos de evolução prolongada e não tratada)
Prevenção
- Tratar adequadamente a infecção por H. pylori
- Usar anti-inflamatórios com orientação médica e proteção gástrica, quando necessário
- Adotar uma alimentação equilibrada e pobre em alimentos processados
- Evitar bebidas alcoólicas e o tabagismo
- Fazer check-ups regulares com avaliação endoscópica nos casos indicados
Conclusão
A gastrite crônica é uma condição frequente e tratável, mas que pode trazer riscos importantes se negligenciada. Identificar a causa e iniciar o tratamento adequado evita complicações graves, incluindo o câncer gástrico. Consultar um gastroenterologista é fundamental para um diagnóstico preciso, orientação dietética e acompanhamento seguro da saúde digestiva.