“Mas doutora, eu preciso realizar o check-up do fígado mesmo que esteja me sentindo bem e não tenha nenhum sintoma?” Precisa sim, e nesse texto eu te explicarei o porquê!
Na especialidade de Hepatologia, costumamos dizer que o fígado é um órgão silencioso e resiliente. Na prática, isso significa que ele pode adoecer e, por um longo período, não apresentar qualquer sintoma de que algo não vai bem.
Mesmo quando é alvo de negligência ou descuidos, este órgão tende a demorar a acusar qualquer problema. Assim, quando os primeiros sinais de alerta surgem, a condição já pode ter alcançado um estágio mais grave e comprometedor.
Para pacientes com histórico familiar de doenças hepáticas, ou então diagnosticados com diabetes, hipertensão, obesidade ou uso regular de medicamentos - sobretudo anti-inflamatórios! - o check-up do fígado é indispensável.
Não possui nenhum destes fatores de risco, mas já chegou aos 40 anos? Hora de olhar com mais atenção para a saúde do seu fígado também!
Como o check-up é feito?
Durante a consulta inicial junto ao hepatologista, alguns testes hepáticos são solicitados para que possamos determinar a saúde do seu fígado e dos ductos biliares!
Uma das etapas mais importantes é a coleta de sangue e avaliação de indicadores como enzimas, proteínas, coagulação e albumina. O exame de sangue é um aliado fundamental no momento de determinar o desempenho das funções hepáticas.
Já o tamanho, textura, elasticidade e formato do fígado podem ser analisados a partir dos exames de imagem.
Os resultados de todos esses exames devem ser levados ao seu médico, para que possam orientá-lo sobre qual caminho seguir! Através dos mesmos, somos capazes de avaliar a presença ou risco de lesões e, caso qualquer indício seja notado, exames mais minuciosos podem ser solicitados.
Vamos conhecer alguns deles?
Exames complementares e específicos que o seu hepatologista pode solicitar
Alguns exames buscam monitorar especificamente a saúde do fígado, para que seja possível descartar ou confirmar a presença de alguma doença!
Exames mais específicos são importantes para determinação da gravidade de determinada doença, monitoramento da evolução de uma condição já identificada, acompanhamento da resposta do organismo ao tratamento e, claro, para o refinamento de algum diagnóstico inicial.
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Alanina Aminotransferase (ALT) e Aspartato Aminotransferase (AST): ambos os exames, também conhecidos como ALT ou TGP, são colhidos através do exame de sangue e ajudam a identificar lesões e doenças do fígado devido à presença elevada da enzima alanina aminotransferase.
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Fosfatase alcalina: este é um exame que nos ajuda a investigar obstruções no sistema biliar, já que a fosfatase alcalina é uma enzima presente nos ductos biliares. O exame contribui para o diagnóstico de doença hepática relacionada ao álcool, inflamação do fígado induzida por drogas e tumores biliares.
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Testes de anticorpos, proteínas e ácidos nucleicos: nos ajudam a identificar a presença de hepatite B (HBsAg, DNA do HBV) ou C (anticorpos anti-HCV, RNA do HCV).
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Alterações na saturação de transferrina, ferritina ou ferro sérico: o aumento destes indicadores pode indicar doenças hepáticas crônicas, como doença hepática alcoólica e hepatite viral crônica.
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Alterações nos níveis de alfa-1-antitripsina: podem indicar alterações hepáticas, inclusive aquelas vinculadas à mutação genética.
E, vale lembrar, o seu histórico médico completo e exame físico contribuem tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de possíveis doenças hepáticas, se necessário.
O check-up periódico, que a princípio pode ser realizado anualmente, e os cuidados preventivos simples, são duas atitudes capazes de proteger a saúde e longevidade do seu fígado!
Invista nesse cuidado e conte comigo para isso.