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  5. Dor abdominal sem explicação? Conheça mais sobre os distúrbios intestinais...
Sumário

Os distúrbios funcionais gastrointestinais englobam um grupo de desordens caracterizadas por sintomas relacionados a alguma disfunção nos órgãos do trato gastrointestinal, sem que se tenha evidências clínicas ou laboratoriais de uma doença orgânica.

Dentre elas, destacam-se os distúrbios de dor abdominal funcional que podem surgir em consequência de diversos fatores, os quais serão citados no decorrer deste conteúdo.

As doenças funcionais digestivas são muito frequentes, alguns estudos epidemiológicos mostram que 20% a 30% das pessoas serão diagnosticadas em algum momento das suas vidas.

A dispepsia funcional e a síndrome do intestino irritável são ocorrências comuns na prática ambulatorial em todo o mundo, e podem levar o indivíduo a buscar auxílio de um médico gastroenterologista.

Dispepsia funcional (DF)

Na ausência de anormalidades estruturais ou metabólicas que possam explicar o quadro de dor, a dispepsia funcional é caracterizada por sintomas que sugerem algum acometimento do estômago ou do duodeno: dor ou desconforto no epigástrio, sensação de má digestão, saciedade precoce e eructações (arrotos).

Ao investigar, o médico se depara com exames físicos normais e a análise diagnóstica destes sintomas não evidencia qualquer alteração endoscópica, histopatológica, radiológica, ultrassonográfica, bioquímica ou hematológica.

Os pacientes com DF podem ser agrupados em dois tipos clínicos de acordo com o sintoma predominante: dor epigástrica e plenitude gástrica pós-prandial (desconforto pós-prandial). Porém, é comum o encontro de pacientes com ambos os tipos de sintomas.

Muitas pessoas com esta condição são rotuladas, por si próprias ou pelos médicos que as atendem, como tendo gastrite. No entanto, poucos pacientes têm, de fato, algum grau de inflamação da mucosa do estômago.

Síndrome do intestino irritável (SII)

A SII é uma doença funcional comum na prática clínica e sua fisiopatologia é incerta. Entretanto, parece ser desencadeada por fatores ambientais, genéticos ou psicossociais. Além disso, jovens do sexo feminino são as mais acometidas pela síndrome.

A combinação dos sintomas de dor ou desconforto abdominal na região dos intestinos e alterações bem definidas do hábito intestinal, como constipação ou diarreia, podem caracterizar essa condição clínica.

Além desses fatores, as pessoas com SII frequentemente podem apresentar incômodo ou sensação de evacuação incompleta, com emissão de muco esbranquiçado junto com as fezes. Muitos pacientes com a síndrome relatam também distensão abdominal, cefaleia, lombalgia e dispepsia.

O tratamento para este distúrbio não é direcionado à fisiopatologia da doença, mas sim aos sintomas relatados.

Patogenia

A patogenia dos distúrbios funcionais digestivos ainda não é muito conhecida, mas mostram envolver fatores diversos, que podem estar presentes em diferentes pacientes ou coexistir.

Influências de ordem genética ou ambiental podem gerar fatores predisponentes, como anormalidades da motilidade digestiva, alterações da sensibilidade e da percepção sensorial visceral, distúrbios da área psicoemocional e alterações de natureza imuno-inflamatória.

Fatores desencadeantes, como o contato com alguns alimentos, medicamentos ou o estresse podem explicar o início dos sintomas. Uma vez instalado, fatores emocionais, dieta ou estilo de vida, podem explicar a persistência do estado clínico, a longo prazo.

Diagnóstico

O diagnóstico dos distúrbios funcionais digestivos é realizado através dos critérios de Roma IV, após a exclusão de causas orgânicas.

A história clínica, exame físico e exames laboratoriais simples são importantes durante a investigação e identificação. Caso não haja qualquer evidência de uma doença orgânica, um tratamento de base empírica pode ser iniciado, enquanto se observa a evolução do caso.

Se não houver melhora com o tratamento, será indicada uma investigação mais intensiva.

Tratamento

Medidas comportamentais, como mudanças nos hábitos alimentares, estilo de vida mais tranquilo e menos estressante, também trazem muitos benefícios e alívio dos desconfortos relatados por quem sofre de distúrbios gastrointestinais funcionais.

Diminuir a quantidade de FODMAPs ingeridos (oligo, mono, dissacarídeos e polióis fermentáveis) é uma medida dietética relevante para o controle da distensão abdominal e flatulência. Suplementos probióticos também podem ser prescritos para melhorar o trânsito do trato gastrointestinal.

Além dessas possibilidades de intervenção, o tratamento farmacológico destas condições pode ser eficaz quando dirigido ao sintoma predominante, trazendo mais alívio ao paciente.

Por isso, procure seu médico de confiança caso observe dores e desconfortos físicos, para que o diagnóstico seja realizado e o tratamento iniciado. Seu bem-estar deve ser sua prioridade!

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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