A hepatite A é uma infecção aguda causada pelo vírus da hepatite A (HAV), pertencente à família Picornaviridae. Trata-se de uma doença hepática autolimitada, altamente contagiosa, com transmissão predominantemente fecal-oral, sendo uma importante causa de surtos em locais com saneamento básico precário.

Como é contraída?
A principal via de transmissão do HAV é a ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes contendo o vírus. A transmissão também pode ocorrer pelo contato direto com pessoas infectadas, especialmente em ambientes com higiene inadequada, como creches, instituições de longa permanência ou moradias superlotadas. Casos relacionados à transmissão sexual (especialmente sexo oral-anal) também têm sido relatados.
Sintomas da Hepatite A
O período de incubação varia de 15 a 50 dias (média de 28 dias). Muitos casos são assintomáticos, especialmente em crianças. Quando presentes, os sintomas incluem:
- Mal-estar geral
- Febre baixa
- Náuseas, vômitos
- Dor abdominal, especialmente no hipocôndrio direito
- Colúria (urina escura)
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Acolia fecal (fezes esbranquiçadas)
A fase aguda geralmente dura de duas a oito semanas, com recuperação completa na maioria dos casos.
Diagnóstico
O diagnóstico da hepatite A é feito por meio de exames sorológicos. O principal marcador é o anticorpo IgM anti-HAV, que indica infecção recente e costuma estar presente desde o início dos sintomas. O anticorpo IgG anti-HAV indica imunidade, seja por infecção passada ou por vacinação.
Complicações
Embora rara, a hepatite A pode evoluir para formas graves, como hepatite fulminante, especialmente em idosos ou em pessoas com doenças hepáticas preexistentes, como cirrose. Outras possíveis complicações incluem colestase prolongada e anemia hemolítica autoimune, embora sejam menos comuns.
Fatores de risco
- Condições sanitárias inadequadas
- Consumo de água ou alimentos contaminados
- Viagens a áreas endêmicas
- Contato íntimo com pessoas infectadas
- Atividades sexuais de risco (sexo oral-anal)
- Trabalhadores de creches, instituições fechadas e manipuladores de alimentos
Quem deve se vacinar?
A vacina contra hepatite A é altamente eficaz e segura, sendo recomendada para:
- Pessoas vivendo com HIV/AIDS.
- Transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea.
- Pessoas com hemofilia ou outras coagulopatias.
- Pessoas com síndrome de Down ou erro inato do metabolismo.
- Portadores de doenças que causam imunodeficiência primária ou secundária.
- Candidatos a transplante.
- Crianças a partir de 12 meses de idade
- Pessoas com doença hepática crônica (incluindo hepatite B ou C, esteatose hepática e cirrose)
- Viajantes para áreas endêmicas
- Homens que fazem sexo com homens (HSH)
- Manipuladores de alimentos
- Populações em situação de vulnerabilidade social
O esquema vacinal completo inclui duas doses, com intervalo de 6 meses. Crianças a dose é única.
Medidas de prevenção
Além da vacinação, outras medidas são fundamentais:
- Lavagem adequada das mãos após usar o banheiro e antes de manipular alimentos
- Consumo de água potável e alimentos bem cozidos
- Higiene rigorosa em ambientes coletivos, como escolas e creches
- Uso de preservativos nas relações sexuais orais e anais
Conclusão
A hepatite A é uma infecção viral prevenível por meio de práticas básicas de higiene e vacinação. A detecção precoce, o manejo clínico adequado e a vacinação de grupos de risco são estratégias essenciais para o controle da doença. Profissionais de saúde devem estar atentos ao diagnóstico diferencial com outras hepatites virais e às indicações de imunoprofilaxia em contatos de casos suspeitos.