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Sumário

A hepatite C é uma doença infecciosa causada pelo vírus da hepatite C (HCV), que atinge preferencialmente o fígado. Trata-se de uma infecção potencialmente crônica, silenciosa e progressiva, sendo uma das principais causas de cirrose hepática, carcinoma hepatocelular e indicação de transplante de fígado no Brasil e no mundo.

Como é contraída a hepatite C?

A transmissão do HCV ocorre, principalmente, por exposição ao sangue contaminado. As formas mais comuns de contágio incluem:

  • Transfusão de sangue ou hemoderivados realizada antes de 1993, quando o teste de triagem ainda não era obrigatório.
  • Compartilhamento de seringas, agulhas ou outros instrumentos cortantes contaminados.
  • Procedimentos invasivos sem esterilização adequada (como tatuagens, piercings ou cirurgias).
  • Transmissão vertical (de mãe para filho durante o parto) — rara.
  • Relações sexuais desprotegidas com múltiplos parceiros, especialmente se houver presença de lesões ou ISTs.

Sinais e sintomas

A hepatite C é assintomática na maioria dos casos, especialmente na fase aguda. Quando os sintomas aparecem, geralmente já na fase crônica, podem incluir:

  • Cansaço excessivo
  • Mal-estar
  • Dor abdominal no quadrante superior direito
  • Urina escura (colúria)
  • Icterícia (pele e olhos amarelados) – rara
  • Náuseas, perda de apetite
  • Prurido cutâneo

A ausência de sintomas não significa ausência de dano hepático. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial.Complicações da hepatite C

Se não tratada, a hepatite C pode evoluir lentamente, ao longo de décadas, para complicações graves:

  • Fibrose hepática
  • Cirrose
  • Ascite, encefalopatia hepática, varizes esofágicas (complicações da cirrose descompensada)
  • Carcinoma hepatocelular (câncer primário do fígado)
  • Falência hepática e necessidade de transplante de fígado

Além disso, o HCV pode causar manifestações extra-hepáticas, como doenças renais, diabetes tipo 2, crioglobulinemia mista e linfomas.

Tratamento atual e perspectivas futuras

O tratamento da hepatite C evoluiu de forma revolucionária na última década. Atualmente, utilizamos antivirais de ação direta (DAAs), que:

  • Têm duração curta (8 a 12 semanas)
  • São via oral (comprimidos)
  • Apresentam taxas de cura superiores a 95%
  • Têm baixos efeitos colaterais

Os esquemas terapêuticos são escolhidos conforme o genótipo viral, grau de fibrose hepática, presença de comorbidades e histórico de tratamento prévio.

Perspectivas futuras incluem o desenvolvimento de vacinas profiláticas (ainda em fase de pesquisa), além de testes de diagnóstico mais acessíveis e estratégias para eliminação global da hepatite C como problema de saúde pública.

Grupos de risco

Devem ter atenção especial:

  • Pessoas que receberam transfusões antes de 1993
  • Usuários de drogas injetáveis ou inaláveis
  • Detentos e ex-detentos
  • Pessoas com múltiplos parceiros sexuais sem proteção
  • Profissionais da saúde expostos a sangue
  • Pessoas com tatuagens ou piercings feitos em locais sem controle sanitário
  • Hemofílicos, pacientes em hemodiálise
  • Pessoas com diagnóstico de HIV ou hepatite B
  • Transplantados

Quem deve fazer o teste para hepatite C (anti-HCV)?

Segundo o Ministério da Saúde e sociedades médicas:

  • Todas as pessoas com 40 anos ou mais, ao menos uma vez na vida
  • Grupos com fatores de risco mencionados acima
  • Pessoas com elevações inexplicadas de transaminases
  • Gestantes (em algumas diretrizes)
  • Parentes de primeiro grau de indivíduos infectados
  • Doadores de sangue e órgãos

O primeiro exame é o anti-HCV, que detecta a exposição ao vírus. Se positivo, deve-se confirmar a infecção ativa com HCV-RNA (PCR).

Prevenção da hepatite C

Não existe vacina contra o HCV. A prevenção baseia-se em:

  • Não compartilhar objetos cortantes ou seringas
  • Realizar procedimentos estéticos apenas com materiais esterilizados
  • Uso de preservativos em relações sexuais de risco
  • Triagem rigorosa de sangue e hemoderivados
  • Equipamentos descartáveis em serviços de saúde
  • Educação em saúde para populações vulneráveis

Conclusão

A hepatite C é uma doença silenciosa, mas grave, que pode ser diagnosticada com um simples exame de sangue e curada com medicação oral de alta eficácia. Identificar precocemente a infecção é fundamental para evitar complicações hepáticas e garantir qualidade de vida ao paciente.

Procure um hepatologista para avaliação, tratamento adequado e orientação preventiva.

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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