A Hepatite Fulminante (HF), também conhecida como insuficiência hepática aguda grave, é uma doença multissistêmica e devastadora. Isso porque ela atinge indivíduos previamente saudáveis, ou seja, sem doenças hepáticas conhecidas e cerca de metade dos casos evoluem para óbito.
Geralmente, a HF acomete adultos jovens, com predomínio em mulheres, mas também pode ocorrer em crianças e idosos.
A principal característica da HF é a presença de alteração do nível de consciência, como confusão mental (denominada encefalopatia hepática), que ocorre a partir de sete dias após o início da icterícia (olhos e pele de coloração amarelada) e alteração da coagulação.
Os primeiros sintomas podem ser inespecíficos, como náusea, mal-estar, diarreia, fadiga e dor abdominal, semelhantes aos de uma hepatite comum. O quadro neurológico é variável, podendo cursar desde flutuações do nível de consciência, fala enrolada, lentidão do pensamento, alterações do sono até o coma profundo.
A HF é resultante de diferentes etiologias, sendo as mais comuns decorrentes de vírus (Hepatite A, B, C, D e E, herpes, adenovírus, Citomegalovírus, Epstein - Barr, Dengue, Febre Amarela, etc), por uso de medicamentos (drogas para tuberculose, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes, antibióticos, paracetamol, remédios ou fórmulas para emagrecer, dentre outros), uso de chás (chá verde, chaparral, valeriana, poejo, sacaca, etc), hepatite autoimune e doença de Wilson.
Existem dois sistemas de avaliação da HF que consideram a gravidade da doença e necessidade de incluir o paciente na fila de transplante hepático com prioridade: são os critérios do King's College e o de Clichy.
Estes critérios analisam a etiologia da doença, idade, presença de encefalopatia, dosagem da bilirrubina e tempo de protrombina. Desta forma, todos os pacientes que preencham esses critérios devem ser transferidos para um centro de transplante de fígado com urgência.
Os pacientes que são incluídos na fila de transplante com diagnóstico de hepatite fulminante são priorizados - ou seja, devido a gravidade e grande chance de mortalidade, “passam” na frente dos demais - tendo ao seu dispor o primeiro órgão que surgir para transplante.
Quando o paciente é assistido em centro de transplante especializado com equipe multidisciplinar altamente capacitada, a taxa de sobrevivência chega a mais de 80% dos casos.
Mas, infelizmente, muitos chegam aos centros já com o diagnóstico tardio e muito grave. Por esse motivo, muitos pacientes desenvolvem falências orgânicas de múltiplos órgãos, o que contra indica o transplante.
Por isso, ao apresentar os primeiros sintomas, jamais se automedique. É essencial a procura de um médico hepatologista para ter o diagnóstico precoce e aumentar as chances de cura da doença!