O carcinoma hepatocelular (CHC) é o tipo mais comum de câncer primário do fígado, sendo uma consequência grave de doenças hepáticas crônicas, especialmente da hepatite B crônica. A hepatite B (HBV) é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento desse câncer, mesmo em pacientes que não têm cirrose. É importante que pessoas com hepatite B estejam cientes desse risco aumentado e sigam uma rotina de exames de rastreamento e uso contínuo de medicamentos antivirais, conforme a recomendação médica.
A Relação Entre Hepatite B e o Carcinoma Hepatocelular (CHC)
A infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV) leva à inflamação persistente do fígado, o que pode causar cicatrizes (fibrose) e, eventualmente, cirrose hepática. Mesmo sem cirrose, pacientes com hepatite B têm um risco elevado de desenvolver CHC devido à replicação viral e aos danos contínuos nas células hepáticas. A presença do HBV no fígado pode alterar o DNA das células hepáticas, favorecendo o surgimento de células cancerígenas.
Quem Está em Maior Risco?
Os pacientes com hepatite B que possuem maior risco de desenvolver CHC incluem:
- Pessoas com cirrose hepática: O risco de CHC é significativamente aumentado em pacientes com fibrose avançada ou cirrose.
- Pacientes com alta carga viral de HBV: Altos níveis de replicação viral aumentam o risco de câncer, independentemente da presença de cirrose.
- Histórico familiar de CHC: Ter parentes próximos que desenvolveram câncer de fígado é um fator de risco adicional.
- Homens acima de 40 anos e mulheres acima de 50 anos: Idade avançada aumenta o risco de câncer de fígado em pacientes com hepatite B.
- Pacientes que não utilizam tratamento antiviral adequado: Não controlar a replicação viral aumenta diretamente o risco de progressão para CHC.
A Importância do Uso de Medicamentos Antivirais
O tratamento antiviral para hepatite B tem como objetivo suprimir a replicação viral, o que reduz significativamente o risco de complicações hepáticas, como cirrose e CHC. Medicamentos como entecavir e tenofovir são frequentemente prescritos para impedir que o vírus se multiplique no fígado e cause mais danos. Manter a adesão a esses medicamentos é fundamental para proteger a saúde hepática e reduzir o risco de câncer.
Exames de Rastreamento: O Que Fazer?
O rastreamento regular para CHC é essencial para pacientes com hepatite B, mesmo que estejam se sentindo bem ou sem sintomas aparentes. A detecção precoce do CHC aumenta significativamente as chances de tratamento curativo. Os principais exames recomendados para o rastreamento incluem:
1. Exames de Imagem:
- Ultrassonografia Abdominal: Deve ser realizada a cada seis meses para verificar a presença de nódulos ou massas no fígado. É um método simples e não invasivo.
- Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada (TC): Estes exames são mais sensíveis do que a ultrassonografia e são indicados para pacientes com maior risco ou em caso de achados inconclusivos no ultrassom.
2. Exames Laboratoriais:
- Alfa-fetoproteína (AFP): Níveis elevados dessa proteína no sangue podem ser indicativos de CHC, embora nem todos os casos de câncer de fígado apresentem aumento da AFP.
- Função Hepática: Testes como ALT, AST e bilirrubina devem ser monitorados para avaliar o estado geral do fígado.
3. Monitoramento da Carga Viral de HBV
- Manter o controle da replicação viral é essencial para avaliar a eficácia do tratamento antiviral e ajustar conforme necessário.
Acompanhamento com o Hepatologista
O acompanhamento regular com um hepatologista é fundamental para o monitoramento contínuo da saúde hepática de pacientes com hepatite B. O hepatologista pode ajustar o tratamento antiviral, solicitar exames de rastreamento e acompanhar a progressão de qualquer alteração no fígado. A detecção precoce de qualquer alteração suspeita pode salvar vidas, pois tratamentos curativos, como ressecção cirúrgica ou transplante de fígado, são mais eficazes quando o câncer é diagnosticado em estágios iniciais.