Atualmente, o tema imunização tem ganhado destaque devido aos esforços internacionais em busca de uma vacina segura e eficaz contra a COVID-19. Mas não é de hoje que a vacinação é responsável por salvar vidas: elas também são fundamentais no combate e controle das hepatites virais causadas pelos vírus A e B.
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública no mundo. Em 2019, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) lançou o chamado “Plano de Eliminação”, com o intuito de erradicar 30 doenças transmissíveis até 2030, dentre elas, as hepatites virais. Mas qual é o cenário brasileiro nesse aspecto?
Pelo plano nacional de imunização, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a imunização contra as hepatites A e B. Mas elas possuem importantes particularidades, que devem ser explicadas para uma maior conscientização acerca da importância da vacinação.
A hepatite A é, na maioria dos casos, uma doença benigna e autolimitada, ou seja, se manifesta por um tempo determinado (cerca de 6 meses), e sua transmissão ocorre via fecal-oral. Por este motivo, essa condição é comumente relacionada à contaminação de água e/ou alimentos, além da falta de saneamento e condições básicas de higiene.
No Brasil, a maioria dos casos de hepatite A se concentra nas regiões norte e nordeste, com cerca de 55% dos casos registrados entre 2009 e 2019. Apesar de não haver um tratamento específico, o SUS oferece vacinas para crianças a partir de 12 meses e pessoas que não tenham tido contato com o vírus HAV.
Já a hepatite B é classificada como uma infecção sexualmente transmissível (IST) e possui um maior potencial de transmissão para indivíduos suscetíveis, maior até que o vírus HIV, causador da Aids. O vírus HBV sobrevive por mais tempo fora do corpo, e sua transmissão ocorre pelo contato com sangue infectado, sêmen e outros fluídos corporais. Pode ser transmitido pelo compartilhamento de agulhas, lâminas de barbear e alicates de unha, transfusões de sangue ou até em produção de tatuagens com material contaminado. As mães também podem passar para os bebês no momento do parto, a chamada transmissão vertical.
No Brasil, entre 1999 e 2019, foram confirmados 247 mil casos, com maior proeminência na região sudeste, com cerca de 34,5% dos casos. Algumas pessoas podem conviver com a doença sem apresentar sintomas, a depender da sua resposta imune. Mas, em alguns casos, na fase aguda da doença, podem surgir sintomas como cansaço, enjoos, vômito, febre e dores abdominais, que nunca devem ser ignorados!
Na fase crônica da doença, quando ocorre fibrose e comprometimento hepático, o paciente pode apresentar sintomas como hemorragias, icterícia (pele e olhos amarelados), ascite (barriga d’água), encefalopatia (confusão mental) e até mesmo câncer no fígado. A evolução da hepatite B é silenciosa, podendo se manifestar décadas após a contaminação.
A vacina é a principal medida de prevenção contra a infecção e consta no calendário nacional de imunização infantil. Para além, quando a infecção é detectada na gestante, inicia-se o tratamento profilático para prevenir a transmissão vertical.
Atualmente, o SUS oferece testes rápidos para identificação da hepatite B e o tratamento com antivirais têm apresentado importante papel no controle da progressão da doença e redução da mortalidade por câncer de fígado, melhorando a sobrevida dos infectados.
Por isso, a vacinação é uma urgência que deve ser destaque na saúde pública brasileira. Entre 2017 e 2019, verificou-se uma queda na imunização contra as hepatites virais, o que é um retrocesso em relação à saúde dos brasileiros. Vacine-se, vacine seus filhos, apoie as campanhas de imunização. Juntos podemos mudar esse cenário e contribuir para o bem-estar e longevidade de todos!