Trata-se de um processo infeccioso e inflamatório, causado pelo vírus C da hepatite (VHC) e que pode se manifestar na forma aguda ou crônica, sendo esta segunda a mais comum.
Devido à preferência do VHC pelos hepatócitos (células do fígado) para a sua replicação, aproximadamente 60 a 85% dos casos se tornam crônicos e 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo. Portanto, é preciso ficar atento a doença!
Transmissão
A transmissão ocorre por meio do contato com sangue contaminado. Pode parecer improvável, mas existem muitas formas disso acontecer.
A maioria dos casos se dá por compartilhamento de objetos perfurocortantes, como em barbearias, estúdio de tatuagem e manicures - que não seguem as regras de esterilização de objetos, segundo as normas da OMS - e usuários de drogas injetáveis, através de seringas contaminadas.
Apesar de menos frequentes, transmissão por relações sexuais sem proteção e via perinatal podem acontecer (menos de 5% dos diagnósticos). Além disso, pacientes que realizaram transfusões de sangue antes de 1993 ou que estão em hemodiálise, pacientes diabéticos, com doenças cardiovasculares, antecedentes de doenças psiquiátricas, doenças renais ou com alteração de enzimas hepáticas, também é aconselhada a testagem sorológica para análise da presença ou não do vírus.
Vale salientar também que a Hepatite C não é transmitida pela amamentação, compartilhamento de alimentos ou contato casual (como abraços e beijos) com uma pessoa infectada.
O grande problema é que a maioria dos quadros são assintomáticos ou apresentam sintomas só quando já existe um grande comprometimento do fígado.
Sintomas
Os pacientes, quando relatam algum sintoma, podem apresentar mal-estar, vômitos, náuseas, icterícia, dores musculares, perda de peso e muito cansaço. Inclusive, quando a doença está em estágio avançado, o indivíduo pode se queixar de confusão mental e ascite (barriga d’água).
Complicações da doença
Infelizmente, muitos casos são descobertos quando o fígado já apresenta complicações devido às lesões sofridas durante anos. Logo, não raro, é observada a evolução da doença para fibrose hepática, cirrose e, até mesmo, hepatocarcinoma (câncer de fígado).
Para pacientes que apresentam Hepatite C em estágio avançado, o transplante de fígado pode ser necessário.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através de coleta de sangue para teste sorológico, o qual apontará a presença ou não do genoma viral. O exame de PCR deve ser realizado em todos os pacientes com o teste sorológico positivo, para avaliar a replicação viral.
Uma vez confirmado, é necessário investigar em qual estágio a doença se encontra, para que o médico responsável possa indicar e iniciar o tratamento o quanto antes.
Esta análise inclui a realização de exames de sangue para avaliar a função hepática (TGO/TGP/FA/GGT/ RNI/hemograma, bilirrubina e albumina), função renal e exames de imagem, como a ultrassonografia abdominal e a elastografia hepática, para investigar o grau de fibrose do fígado.
Existe um grupo de risco?
Algumas pessoas podem estar mais expostas à contaminação. Vamos aos grupos de risco:
• Pessoas que receberam transfusão de sangue e/ou produtos derivados de sangue, especialmente antes de 1993;
• Pessoas em hemodiálise;
• Indivíduos que usavam ou usam drogas;
• Pessoas que compartilham seringas e agulhas;
• Indivíduos que fizeram ou fazem tatuagens/piercings em locais que não esterilizam instrumentos;
• Profissionais que trabalham com podologia, manicure e pedicure e não cumprem com as normas de biossegurança;
• Indivíduos com múltiplos parceiros, sem uso de preservativo;
• Bebês durante a gestação de mães com hepatite C;
• Pessoas HIV-positivas;
• Pessoas em uso abusivo de álcool.
Vale lembrar que ainda não existe uma vacina contra essa hepatite. Entretanto, é uma das poucas enfermidades crônicas que pode ser curada!
Tratamento
Durante muitos anos, os índices de mortalidades causadas pela Hepatite C assolaram muitos países - principalmente, devido ao diagnóstico tardio e complicações da doença.
Porém, a introdução dos novos medicamentos antivirais de ação direta (DAA) modificou radicalmente o panorama epidemiológico da hepatite C em vários países, incluindo o Brasil.
Bem tolerados e mais seguros, os DAA promovem um tratamento eficaz e de duração mais curta. A partir da utilização dessas novas drogas, torna-se possível, inclusive, a eliminação da doença em nações que se dedicarem a atuar de forma responsável no controle da epidemia. Felizmente, o Brasil se destaca nesse cenário!
Prevenção
Este é o ponto chave para que as pessoas possam cuidar da saúde do fígado: a prevenção sempre é o melhor remédio. Esta é uma doença silenciosa, por isso, cuidados preventivos e testagem de adultos são essenciais para a mudança do panorama do problema, em todo o mundo.
Por isso, as campanhas de conscientização não podem parar e você pode sempre contar com o auxílio e orientação do seu médico de confiança.
E lembre-se: HEPATITE C tem CURA. Vamos juntos!