Chá para perder peso, para acalmar, para má digestão ou dor de estômago. Quem nunca se rendeu ao sabor e à promessa dos benefícios de um chá feito com plantas medicinais? Entretanto, saiba que até mesmo um aparentemente inofensivo cházinho natural pode trazer malefícios se for consumido sem moderação.
A medicina fitoterápica tem adeptos em todo o mundo e, inclusive, tem crescido muito aqui no Brasil. O aumento da sua procura é devido a diversos fatores, entre eles, a crença de que produtos naturais são livres de hepatotoxicidade, sendo adequados para o tratamento de muitas doenças. É aí que se encontra o erro!
Apesar de serem preparados com plantas, durante a infusão, substâncias químicas prejudiciais à saúde acabam se soltando e diluindo na água, ocasionando sérios efeitos colaterais. Mas, primeiramente, é preciso diferenciar chá de fitoterápico.
Chá é um alimento, uma infusão de plantas, já o fitoterápico é um fitomedicamento, que pode exigir prescrição médica ou não. Os riscos de ingerir chás feitos de plantas medicinais podem ser desde uma contaminação química, como com substâncias da própria planta, resíduos herbicidas, fungicidas ou inseticidas, até uma contaminação biológica, através de bactérias, vírus, fungos e parasitas.
Além disso, algumas ervas podem ocasionar danos ao fígado logo no início de seu uso, outras podem prejudicar seu funcionamento no longo prazo. Doenças como insuficiência hepática aguda, hepatite aguda e hepatite colestática podem surgir devido ao consumo desorientado de chás.
A cavalinha, kava-kava, poejo, erva-andorinha, espinheira-santa, losna, chá verde e valeriana estão entre a grande lista de plantas que podem causar danos à saúde. Elas também podem interagir com outros medicamentos, modificando sua ação e potencializando os efeitos adversos, como quando associados com anti-inflamatórios ou corticoides. Com isso, não é recomendada a utilização de chás e fitoterápicos de forma indiscriminada e por longos períodos.
Há crenças populares de que alguns chás também podem ajudar na saúde do fígado, como o famoso chá de boldo, porém não existe nenhuma evidência científica que comprove sua eficácia, nesse sentido e não é recomendado o seu uso juntamente com anticoagulantes por aumentarem o risco de sangramentos.
O quadro clínico da doença hepática causada por produtos ditos naturais é parecido ao produzido pelos medicamentos tradicionais, sendo possível detectar alterações de enzimas hepáticas através de exames de sangue. As lesões no fígado podem ser agudas e graves com necessidade de transplante de fígado.
Para evitar danos causados nesse órgão tão importante do nosso corpo, devemos evitar os chás “caseiros” feitos com raízes ou folhas de árvores ou plantas e dar preferência aos chás mais seguros como erva cidreira, maçã, gengibre, erva doce e camomila, por exemplo.
No mais, chás podem, sim, ser muito bons à saúde, esse tipo de bebida contribui para uma melhora no bem-estar físico e mental, desde que estejam associados a outros hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física. E nada de trocar água por chás, tudo bem?
Portanto, para ser tirado o melhor proveito dos queridos chazinhos, procure orientação do seu gastroenterologista de confiança, para que sejam indicadas as plantas e as frequências corretas para consumo, de acordo com as suas necessidades.
