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  5. Corpo vs Fígado: entenda a hepatite autoimune
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A Hepatite Autoimune (HAI) é uma doença grave, onde o próprio corpo produz anticorpos contra as células hepáticas. Quando não tratada corretamente, pode piorar com o passar do tempo, evoluindo para cirrose e insuficiência hepática.

Há nítido predomínio no sexo feminino, geralmente entre 15 e 40 anos. Entretanto, também pode ocorrer em crianças e em idosos.

A hepatite autoimune tipo 1 é a forma que afeta, em especial, mulheres jovens que, geralmente, já possuem outras doenças autoimunes (falaremos disso mais adiante), e a tipo 2, a forma menos comum e que afeta meninas entre 2 e 14 anos.

Apesar de ser genuinamente uma doença autoimune, a HAI também pode ser induzida por drogas, como: ácido tienílico, diidralazina, nitrofurantoína, minociclina, entre outras. Os padrões clínicos e histológicos são semelhantes, em ambos os casos, mas em pacientes que apresentam HAI induzida por drogas, em geral, não há a necessidade de imunossupressão a longo prazo.

Seu aparecimento pode ser sutil, portanto, fique atento aos sintomas mais comuns: fadiga, desconforto abdominal, dores nas articulações, coceira, icterícia, aumento do fígado, náuseas e angiomas de aranha (vasos sanguíneos) na pele.

Urina escura, perda de apetite, fezes claras e ausência de menstruação, também podem ser sintomas de HAI e, dentre as complicações mais graves, podem ocorrer a ascite (fluído no abdômen) e confusão mental. Logo, o diagnóstico precoce é fundamental.

Diagnosticando e sobrevida

Para que o seu médico possa confirmar o diagnóstico de hepatite autoimune, serão solicitados exames de sangue e uma biópsia do fígado para análise.

A principal característica laboratorial é o aumento das aminotransferases, em geral 50 vezes maior que o limite da normalidade.

Já a característica histológica típica da doença é a hepatite de interface com presença de infiltrado linfoplasmocitário com predomínio de plasmócitos, que agride a placa limitante e invade o parênquima hepático, bem como a presença de rosetas hepatocitárias.

Apesar da positividade dos autoanticorpos ser central para o diagnóstico e classificação da HAI, ela pode estar presente em conjunto com outras doenças hepáticas e reumatológicas, por exemplo. Portanto, o diagnóstico definitivo só é feito mediante os resultados clínicos, laboratoriais e histológicos, com exclusão de outras causas de doença hepática.

Outra característica que facilita o diagnóstico é que, em muitos casos, há a associação da HAI com outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1, tireoidite, vitiligo ou síndrome de Sjogren.

Para uniformizar e melhor definir o diagnóstico da doença, é estabelecido um sistema de escore que permite caracterizar a HAI como provável ou definitiva. Os parâmetros analisados são: sexo; níveis de fosfatase alcalina e de globulinas; quais são os anticorpos presentes e suas concentrações; e marcadores virais.

Vale mencionar também que a cirrose hepática pode estar presente em 30% dos pacientes na biópsia inicial e, em crianças, em 50% dos casos. Além disso, pode se manifestar de forma abrupta e grave, como hepatite fulminante, onde há necrose maciça do órgão, sendo necessário o transplante de fígado.

A HAI não tratada apresenta mau prognóstico, com taxas de sobrevida em 5 e 10 anos de 50% e 10%, respectivamente. A sobrevida dos pacientes que respondem ao tratamento é boa, semelhante à da população geral sem a doença.

Tratamento da hepatite autoimune

O objetivo do tratamento é interromper o ataque do corpo aos tecidos hepáticos, suprimindo o sistema imunológico, através da associação de medicamentos imunossupressores, o corticoide e a azatioprina.

O tempo de tratamento dependerá de cada caso, podendo durar anos ou ser contínuo ao longo da vida do paciente.

Portanto, se você já apresenta outras doenças autoimunes ou tem o aparecimento de alguns dos sintomas mencionados, procure um médico hepatologista para que os exames investigativos sejam iniciados e o tratamento medicamentoso estabelecido.

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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