A constipação intestinal, caracterizada por evacuações infrequentes, esforço excessivo e sensação de evacuação incompleta, é uma preocupação comum.
A prevalência é de 5 e 24% da população adulta e aumenta com a idade. Em 0% dos casos, os pacientes têm mais de 60 anos é frequente em até 80% dos indivíduos institucionalizados.
Alguns fatores de risco estão relacionados à constipação como o sexo feminino, dieta pobre em fibras, ingestão inadequada de líquidos, sedentarismo, gravidez e uso de medicações. Indivíduos com menor nível socioeconômico e educacional também parece ser mais acometido.
Causas:
- Fisiológicas: Baixa ingestão de fibras e líquidos, falta de exercício;
- Disfunções do Colon: Síndrome do Intestino Irritável com constipação predominante, megacólon;
- Neurogênicas: Lesões medulares, neuropatias autonômicas, doença de Parkinson;
- Endócrinas: Hipotireoidismo;
- Medicamentos: Opioides, antidepressivos tricíclicos, suplementos contendo cálcio,etc;
- Disfunção do assoalho pélvico e/ou do esfíncter externo: síndrome do assoalho pélvico espástico, anismo, dissinergia;
- Obstrução do assoalho pélvico: Prolapso retal, enterocele, retocele, Intussuscepção retal;
- Mecânicas: neoplásicas, estenoses pós-cirúrgicas (canal anal), hérnias, vólvulo, Dç de Chron, proctite e dç diverticular.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico começa com uma anamnese minuciosa, onde o médico indagará sobre o padrão de evacuação, dieta, atividade física e presença de doenças associadas e/ou uso de medicações.
Métodos Diagnósticos:
1 - Anamnese Detalhada: padrão de evacuação, dieta, atividade física.
Atualmente são utilizados os critérios de Roma IV, que foram desenvolvidos por gastroenterologistas para definir e classificar distúrbios gastrointestinais funcionais, incluindo a constipação intestinal. Para fazer o diagnóstico é necessário a presença de pelo menos dois dos seguintes sintomas, por pelo menos três meses, com início dos sintomas pelo menos seis meses antes do diagnóstico:
- Esforço Excessivo nas Evacuações: esforço excessivo durante pelo menos 25% das evacuações.
- Fezes Duras ou Caroços: fezes duras em pelo menos 25% das evacuações.
- Sensação de Evacuação Incompleta: sensação de evacuação incompleta em pelo menos 25% das evacuações.
- Obstrução Anorretal: obstrução anorretal em pelo menos 25% das evacuações.
- Manobras Manuais para Facilitar Evacuações: O paciente relata uso frequente de manobras manuais para facilitar pelo menos 25% das evacuações (por exemplo, pressionar a barriga).
2 - Exame Físico e Retal:
Avaliação do abdômen, exame retal para verificar impactação fecal.
3 - Exames de Sangue
- Perfil metabólico: Ureia, creatinina, potássio, cálcio total e livre;
- Função tireoidiana: TSH, T4 livre, PTH;
- Hemograma completo;
- CEA;
- Glicemia.
4 - Exames complementares:
- RX simples de abd
- Enema opaco: pouco utilizado
- Colonoscopia: quando há sinais de alarme
- Hematoquesia : evacuar com sangue
- Perda ponderal repentina
- História familiar de CA de cólon ou DII
- Anemia
- Exame de sangue oculto nas fezes +
- Alteração no calibre das fezes
- Início súbito dos sintomas em idosos
- Severa constipação não responsiva ao tto
5 - Tempo de trânsito colônico: Avaliação do movimento das fezes no cólon.
6 - Videodefecograma: Análise dinâmica do processo evacuatório.
7 - Manometria Retal: Avaliação da função muscular retal.
8 - Tomografia de abdome: pode ser solicitada em casos de suspeita de abdômen agudo obstrutivo.
Tratamento:
A compreensão profunda das causas, diagnóstico preciso e abordagem multidisciplinar são cruciais no manejo eficaz da constipação intestinal. O tratamento deve ser personalizado, levando em consideração a gravidade dos sintomas e a resposta individual do paciente às terapias.
As estratégias de tratamento da constipação incluem a modificação do estilo de vida com estímulo à atividade física regular e o aumento da ingesta hídrica e do consumo diário de fibras.
- Dieta: Recomenda-se a ingesta de 25 a 30 g de fibras/dia, de preferência solúveis como o psyllium e a policarbofila cálcica. Os mecanismos fisiológicos de ação de fibras são a modificação da microbiota intestinal, diminuição da pressão colônica por aumento do bolo fecal e menor contratilidade colônica por redução de sais biliares. Entretanto fibras insolúveis como o farelo de trigo têm maior potencial de causar efeitos colaterais como distensão abdominal e flatulência. Não está indicado em pacientes com obstipação por opioides.
- Praticar exercícios físicos de maneira regular
- Medicamentos: Fibra sintética, probióticos, lubrificantes ou laxantes devem ser prescritos por médicos.
- Biofeedback (fisioterapia do assoalho pélvico): é uma medida terapêutica indicada para pacientes que apresentam desordem evacuatória como falha de relaxamento do esfíncter anal externo, hipertonia do esfíncter anal interno, propulsão retal inadequada ou hipossensibilidade e hipotonia retal.
- Intervenções Cirúrgicas: Em casos graves ou refratários.
E lembrem-se é crucial uma avaliação médica completa para determinar a causa subjacente da constipação e, assim, planejar um tratamento adequado e personalizado para o paciente. Qualquer dúvida estou a disposição!