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  5. Entenda a relação entre o fígado e doenças autoimunes
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Quando pensamos em doenças que afetam o fígado, quais são as que vem primeiro em sua mente? Normalmente, as mais lembradas são as hepatites e as cirroses - e isso não é de se estranhar.

Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que há um grande número de pessoas no mundo que sofrem de hepatites, como a B e C, resultando em milhões de mortes por ano. Mas você conhece quais são as doenças hepáticas autoimunes?

Se não conhece, acompanhe este texto sobre os principais adoecimentos autoimunes que podem afetar esse órgão.

Hepatite autoimune

A hepatite autoimune (HAI) é uma doença hepática crônica caracterizada por hepatite de interface associada com hipergamaglobulinemia e reatividade para autoanticorpos.

Esta doença tem predomínio em mulheres, ocorrendo especialmente entre 5 a 25 anos de idade. Outra característica interessante é a associação da presença de HAI com outras doenças autoimunes pré-existentes, sendo as relacionadas à tireoide mais prevalentes.

Os pacientes podem ser tanto assintomáticos quanto apresentar sintomas como náuseas, anorexia, desconforto no abdome superior, icterícia, entre outros. O diagnóstico da HAI é feito pela soma dos resultados dos exames de sangue e outras informações clínicas, bioquímicas, histológicas e de resposta ao tratamento, e devem ser descartadas causas virais, tóxicas e metabólicas. O tratamento é realizado com drogas imunossupressores e corticoides . A doença pode progredir para cirrose e ter a necessidade de transplante de fígado.

Em alguns casos, pode haver sobreposição de duas doenças hepáticas, ou seja também a associação de HAI com doenças colestáticas, principalmente cirrose biliar primária (CBP) e colangite esclerosante primária (CEP).

Cirrose biliar primária

A Cirrose Biliar Primária (CBP) é uma doença colestática crônica caracterizada pela destruição granulomatosa dos ductos biliares por mecanismo autoimune, sendo mais frequente nas mulheres entre os 35 e 70 anos de idade. As lesões progridem com o surgimento de fibrose e o quadro, se não tratado, pode evoluir para o estágio de cirrose.

Um sintoma muito característico é o prurido intenso. O seu diagnóstico é baseado em achados clínicos e na dosagem anticorpo antimitocôndria, tendo ou não a necessidade de biópsia. O tratamento é feito através de medicações específicas.

Colangite esclerosante primária

A colangite esclerosante primária (CEP) também é uma doença crônica do fígado causada por processos de inflamação e cicatrização progressivas das vias biliares dentro e fora do órgão, impedindo a circulação adequada da bile.

A doença também pode evoluir para cirrose e insuficiência hepática, com chance de desenvolvimento de colangiocarcinoma e necessidade de transplante. Afeta mais frequentemente homens com, em média, 40 anos de idade. O diagnóstico pode ser feito através de exames de imagem, como a ressonância magnética ou a colangiopancreatografia por ressonância magnética (CPRM).

A CEP tem forte associação com Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn.

Progressão silenciosa

Tanto a CBP quanto a CEP causam destruição lenta e progressiva dos canais biliares e são de difícil diagnóstico no início da doença, pois, em um primeiro momento, os sintomas iniciais não são atribuídos a males no fígado, como o prurido e a fadiga.

Uma vez que o fígado tem a capacidade de se auto regenerar, quando as inflamações causadas pela CBP e CEP não são muito extensas, ele consegue repor suas próprias células. Porém, o desenvolvimento de processo inflamatório crônico por longo período de tempo leva a fibroses e consequentemente a progressão para cirrose hepática e risco de câncer das vias biliares.

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A investigação e correta interpretação dos exames é indispensável e o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento assertivo, reduzindo as consequências dessas doenças.

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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