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A doença celíaca é uma condição autoimune crônica desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína presente em cereais como trigo, cevada e centeio. 

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para melhorar a qualidade de vida do paciente e prevenir complicações. Vamos abordar como é feito o diagnóstico e o tratamento da doença celíaca.

Para quem é recomendado fazer a investigação para DC?

É recomendada nas seguintes situações:

  • Crianças ou adultos que se apresentam com sintomas clássicos de má absorção intestinal.
  • Familiares de primeiro grau de qualquer paciente portador de DC, independente da presença ou não de sintomas.
  • Rastreamento em grupos de risco aumentado como diabéticos tipo I ou crianças com Síndrome de Down.
  • Alterações de transaminases, sem origem etiológica bem estabelecida.
  • Diagnóstico diferencial com a Síndrome do Intestino Irritável.
  • Em pacientes com dispepsia, maiores de 55 anos, refratários ao tratamento clínico convencional.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da doença celíaca envolve vários passos:

1. Avaliação Clínica: 

O processo começa com uma avaliação clínica minuciosa, em que o médico coleta informações sobre os sintomas do paciente, histórico médico e familiar, e realiza um exame físico.

2. Exames de Sangue: 

Os exames de sangue são frequentemente o primeiro passo no diagnóstico. Os principais exames de sangue para doença celíaca incluem a dosagem de anticorpos específicos:

  1. Anti-transglutaminase tecidual da classe IgA: é o exame de escolha em pacientes sintomáticos ou no rastreio familiar. É o marcador sorológico mais sensível e deve ser solicitado junto à dosagem de IgA total, já que em até 10% dos casos a DC é associada à deficiência de IgA.
  2. Anti-endomísio IgA: é o teste mais específico e pode ser reservado para confirmação do diagnóstico nos casos que persistem com sintomas e que apresentam Anti-transglutaminase IgA negativo. 
  3. Anti-gliadina deaminada da classe IgG: é o anticorpo de escolha para pacientes que apresentam deficiência de IgA. A acurácia se aproxima do anti-transglutaminase e também é considerado um bom marcador da DC.

3. Endoscopia:

Todos os pacientes com sorologia positiva necessitam de endoscopia com biópsias de duodeno (bulbo e segunda porção). Os principais achados macroscópicos são redução das pregas intestinais de Kerling.

As biópsias de bulbo e segunda porção duodenal evidenciam linfocitose superior a 25 linfócitos por campo de grande aumento, hiperplasia das criptas e atrofia vilositária nos graus leve, moderado ou total. A classificação histológica da Doença Celíaca é a de Marsh modificada por Oberhuber, descrita abaixo:

Marsh 0: Mucosa normal.

Marsh 1: Linfocitose intraepitelial isolada.

Marsh 2: Linfocitose intraepitelial e hiperplasia das criptas.

Marsh 3:

  • a: Linfocitose intraepitelial, hiperplasia das criptas e atrofia discreta.
  • b: Linfocitose intraepitelial, hiperplasia das criptas e atrofia evidente.
  • c: Linfocitose intraepitelial, hiperplasia das criptas e atrofia completa.

O diagnóstico diferencial da atrofia de intestino delgado é extenso e inclui: infecção por H. pylori, HIV, giardíase, espru tropical, Doença de Crohn, imunodeficiência comum variável, supercrescimento bacteriano, linfoma e o uso de medicações, como a Olmesartana.

4. Teste Genético: 

Apesar de ainda não estar amplamente disponível, a pesquisa do HLA está indicada nos casos em que a sorologia resulta negativa e a biópsia evidenciou atrofia parcial ou total das vilosidades. O resultado negativo do HLA DQ2 DQ8 praticamente exclui o diagnóstico de DC.

Tratamento:

O tratamento primordial para a doença celíaca é a eliminação completa do glúten da dieta. Isso significa evitar alimentos que contenham trigo, cevada, centeio e seus derivados. O objetivo é permitir que o revestimento do intestino delgado se recupere e que os sintomas diminuam ou desapareçam.

Aqui estão algumas diretrizes essenciais para o tratamento da doença celíaca:

  1. Dieta Livre de Glúten: É fundamental que os pacientes com doença celíaca sigam uma dieta rigorosamente sem glúten. Isso envolve ler rótulos cuidadosamente, escolher alimentos naturalmente sem glúten e evitar a contaminação cruzada na preparação dos alimentos.
  2. Suplementação Nutricional: Alguns pacientes podem necessitar de suplementos de nutrientes, como ferro, cálcio, vitamina D e vitamina B12, para tratar deficiências nutricionais causadas pela má absorção intestinal.
  3. Acompanhamento Médico: Os pacientes devem ser acompanhados regularmente por um médico especializado em gastroenterologia ou nutrição para monitorar o progresso, realizar exames de sangue de acompanhamento e ajustar a dieta conforme necessário.
  4. Educação e Apoio: A educação sobre como evitar o glúten e o apoio emocional são vitais para ajudar os pacientes a lidar com as mudanças na dieta e no estilo de vida.
  5. Controle de Contaminação Cruzada: Evitar a contaminação cruzada em casa e em restaurantes é essencial para garantir que os alimentos consumidos estejam livres de glúten.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da doença celíaca podem melhorar significativamente a saúde e o bem-estar do paciente. Com a adesão estrita a uma dieta sem glúten e o acompanhamento médico regular, muitas pessoas com doença celíaca conseguem levar uma vida saudável e ativa.

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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