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  5. Álcool: existe dose segura?
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O consumo excessivo de álcool representa um importante ônus para os sistemas de saúde do mundo e é uma das principais causas de morte relacionadas ao fígado e ao câncer. 

Existe uma quantidade segura de álcool para o indivíduo sem causar danos à saúde?

É uma questão de intenso debate, ainda sem consenso na comunidade científica mundial.

Tradicionalmente, o consumo baixo de álcool, especialmente vinho, foi considerado parte da dieta mediterrânea e até mesmo recomendado. Por muitos nãos.  No entanto, dados recentes publicados na revista Seminaris in Liver Diseases, 2024 indicam que o consumo diário de pequena quantidade de álcool pode induzir morte prematura devido a problemas cardiovasculares e câncer. Além disso, há crescentes evidências de que uma pequena quantidade de álcool impacta negativamente pacientes com doença hepática relacionada à obesidade e outros problemas metabólicos.

Grandes estudos epidemiológicos recentes também mostraram que a quantidade segura de álcool para evitar riscos relacionados à saúde é menor do que se espera! Por exemplo, apenas um drinque por dia pode aumentar o risco de morte relacionada ao câncer. Em pacientes com qualquer tipo de doença hepática crônica, especialmente aqueles com doença hepática esteatótica associada a doença metabólica, como diabetes, dislipidemia e obesidade, não é recomendado o consumo de álcool. 

A quantidade de álcool que leva a uma doença hepática significativa depende do gênero, do background genético e da coexistência de comorbidades (por exemplo, fatores da síndrome metabólica). Todos os pacientes com doença hepática associada ao álcool são recomendados a seguir abstinência total e devem ser tratados por equipes multidisciplinares. A abstinência desacelera e até reverte a progressão da fibrose hepática e pode ajudar a recompensar pacientes com cirrose complicada. 

Definir limites seguros para o consumo de álcool é uma necessidade global urgente! A definição de uma "bebida padrão" também varia significativamente pelo mundo: na Europa, uma bebida contém 10 gramas de álcool puro; nos EUA e Brasil, são 14 gramas; no Reino Unido, 8 gramas; na Áustria, 20 gramas.

O álcool tem sido associado a doenças hepáticas de duas maneiras: (a) promove doenças hepáticas associadas ao álcool e (b) acelera a progressão de doenças hepáticas de outras causas, além de ter efeitos negativos adicionais em outros órgãos, incluindo o sistema nervoso, pâncreas, coração e vários tipos de câncer. 

Consumam álcool com moderação e cuidem de um dos principais órgãos do corpo humano, o FÍGADO!

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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