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O uso indiscriminado de ervas naturais e suplementos é uma prática comum, mas nem sempre segura. Muitos produtos considerados “naturais” podem causar HILI (Herb-Induced Liver Injury), ou lesão hepática induzida por ervas, uma condição que varia de elevações leves de enzimas hepáticas e até hepatite fulminante, podendo levar à necessidade de transplante de fígado. 

Banner informativo sobre o perigo do uso de ervas naturais para a saúde do fígado, com foto da Dra. Lilian Curvelo e convite para saber mais no conteúdo.

Embora sejam amplamente divulgados como alternativas saudáveis, produtos à base de ervas podem conter compostos que geram metabólitos tóxicos, induzem reações imunológicas adversas ou afetam o fluxo biliar, resultando em hepatotoxicidade grave.

Relatos de lesão hepática induzida por ervas (HILI) e lesão hepática por suplemento alimentar e de perda de peso (DSLI) cada vez mais estão sendo publicados na literatura mundial, devido a falta de regulamentação da indústria de ervas e suplementos, principalmente nos Estados Unidos. 

O que é HILI?

O termo HILI refere-se à lesão hepática causada pelo consumo de ervas ou suplementos à base de plantas. Essa condição é semelhante à lesão hepática induzida por drogas (DILI), mas é especificamente atribuída a compostos de origem natural.

  • Fatores de risco: Uso prolongado, doses elevadas, predisposição genética e combinação com outros medicamentos ou ervas.
  • Formas de lesão hepática: Hepatite tóxica, colestase, necrose hepatocelular e insuficiência hepática.

Ervas e suplementos associados a HILI

A seguir, uma lista de produtos que têm sido documentados como causadores de lesão hepática:

  • Aloe Vera (Aloe barbadensis): Associada a hepatite tóxica por compostos derivados de antraquinonas.
  • Cavalinha (Equisetum arvense): Contém alcaloides tóxicos que podem causar necrose hepática.
  • Kava Kava (Piper methysticum): Relacionada a hepatite fulminante e morte.
  • Chá Verde (Camellia sinensis): Catequinas em excesso podem provocar necrose hepática.
  • Poejo (Mentha pulegium): Contém pulegona, altamente hepatotóxica.
  • Boldo Brasileiro (Plectranthus barbatus): Associado a hepatite colestática devido aos alcaloides.
  • Confrei (Symphytum officinale): Seus alcaloides pirrolizidínicos são hepatotóxicos.
  • Garcinia Cambogia: Relacionada a casos de hepatite aguda.
  • Sacaca (Croton cajucara): Pode elevar as enzimas hepáticas.
  • Espinheira-Santa (Maytenus ilicifolia): Relatos de hepatotoxicidade em doses elevadas.
  • Centella Asiática (Centella asiatica): Associada a hepatite colestática.
  • Noni (Morinda citrifolia): Ligada a casos de insuficiência hepática.
  • Cúrcuma (Curcuma longa): Em doses elevadas, pode causar lesão 

hepática.

  • Casca da laranja vermelha (Citrus aurantium): Associado à inflamaçãohepática por metabólitos tóxicos
  • Espirulina: Relatada em casos de hepatite tóxica, possivelmente devido a contaminações durante a produção.
  • Herbalife: Relacionado a vários casos de HILI documentados na literatura médica.
  • Kombucha: Pode elevar as enzimas hepáticas em consumidores sensíveis.

Diagnóstico e avaliação de HILI

O diagnóstico de HILI envolve a exclusão de outras causas de lesão hepática, como infecções virais, doenças autoimunes ou metabólicas. Os principais exames incluem:

1. Exames de sangue:

  • ALT e AST: Indicadores de lesão hepatocelular.
  • Fosfatase Alcalina e GGT: Elevadas em casos de colestase.
  • Bilirrubina Total e Direta: Indicadoras de obstrução biliar ou insuficiência hepática.
  • INR: Avalia a capacidade de coagulação do fígado; valores altos indicam falência hepática.

Exames de imagem:

  • Ultrassonografia: Detecta alterações estruturais ou obstruções biliares.
  • Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada: Identifica lesões mais detalhadas no fígado.
  • Biópsia Hepática: Pode confirmar o diagnóstico em casos de dúvida.

Formas graves e necessidade de transplante de fígado

A progressão de HILI pode levar a complicações graves, como:

  • Hepatite Fulminante: Condição de rápida evolução que pode resultar em falência hepática.
  • Insuficiência Hepática Crônica: Pode evoluir para cirrose e aumento do risco de câncer de fígado.
  • Transplante de Fígado: Em casos de insuficiência hepática irreversível, o transplante é a única alternativa.

Alerta: o uso indevido de ervas e suplementos

  • Evite automedicação: Ervas e suplementos não são isentos de risco e devem ser usados com cautela.
  • Consulte um médico: Antes de consumir qualquer produto à base de ervas, busque orientação profissional.
  • Fique atento aos sintomas: Náuseas, icterícia, dor abdominal e cansaço excessivo são sinais de possível lesão hepática.

O uso indiscriminado de ervas naturais e suplementos pode ter consequências graves e irreversíveis para o fígado, um órgão vital. A conscientização sobre os riscos do consumo inadequado de produtos aparentemente inofensivos é essencial para prevenir complicações potencialmente fatais, como hepatite fulminante e insuficiência hepática. Sua saúde depende de escolhas conscientes e informadas. Cuide do seu fígado, evite riscos desnecessários!

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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