O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo e tem sido associado a diversos benefícios para a saúde, incluindo a proteção hepática.
Estudos epidemiológicos e experimentais têm sugerido que o café pode exercer efeitos hepatoprotetores. Por exemplo, um estudo publicado no "Journal of Hepatology" demonstrou que o consumo de café está inversamente associado ao risco de cirrose hepática, particularmente a cirrose alcoólica. A pesquisa sugere que indivíduos que consomem quatro ou mais xícaras de café por dia têm um risco significativamente menor de desenvolver cirrose hepática em comparação com aqueles que não consomem café.
Outro estudo, publicado no "World Journal of Gastroenterology", concluiu que o consumo de café reduz a progressão da doença hepática crônica e pode diminuir a incidência de carcinoma hepatocelular (câncer de fígado). Os componentes do café, como a cafeína, ácidos clorogênicos, cafestol e kahweol, têm demonstrado possuir propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anticancerígenas, que contribuem para seus efeitos benéficos no fígado.
Uma meta-análise publicada na revista "Gastroenterology" avaliou diversos estudos e concluiu que o consumo de café está inversamente relacionado ao risco de desenvolver o carcinoma hepatocelular (HCC). Esta relação foi observada tanto em estudos com populações ocidentais quanto asiáticas, sugerindo uma tendência global. De acordo com essa pesquisa, cada duas xícaras de café consumidas por dia estavam associadas a uma redução de cerca de 35% no risco de HCC.
Mecanismos de Ação do café sobre o fígado
- Modulação Enzimática: O café modula a atividade de enzimas envolvidas na detoxificação hepática, como as glutationa S-transferases, que desempenham um papel crucial na proteção contra toxinas e carcinógenos hepáticos.
- Propriedades Antioxidantes: Compostos no café, como o ácido clorogênico e a cafeína, possuem atividade antioxidante que pode reduzir o dano oxidativo ao DNA, um fator conhecido na carcinogênese hepática.
- Efeitos Anti-inflamatórios: O café pode reduzir a inflamação crônica, um conhecido promotor de carcinogênese, através da inibição de certos mediadores inflamatórios no fígado.
Antes de recomendar o uso do café como parte de uma estratégia para promover a saúde do fígado, recomenda-se que o paciente seja avaliado por um médico hepatologista. É importante considerar fatores como a presença de outras condições médicas, hábitos alimentares e tolerância à cafeína. Em geral, para pacientes sem contraindicações específicas, o consumo moderado de café (3 a 4 xícaras por dia) associado a adoção de um estilo de vida saudável com dieta balanceada, consumo moderado de álcool e atividade física regular, pode ser parte de uma abordagem preventiva contra o carcinoma hepatocelular e outras doenças hepáticas.