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  5. O pulmão e o fígado: outras complicações pulmonares em doenças...
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Que nosso organismo é integrado, isso você já deve saber. Quando uma condição afeta um órgão vital para a nossa saúde, como é o caso do fígado, outros órgãos podem ser comprometidos, como o nosso pulmão. E complicações pulmonares podem ser comuns em doenças hepáticas!

Nós já falamos no post anterior sobre a Síndrome Hepatopulmonar, mas que tal conhecermos cada uma das complicações que podem comprometer a função pulmonar do paciente? Hoje falaremos sobre a Síndrome Hepatopulmonar (HPP), você já ouviu falar?

  • O que é?

A Hipertensão Portopulmonar é definida como presença de hipertensão pulmonar (aumento da pressão na artéria do pulmão) em associação com hipertensão portal (aumento da pressão na veia porta) com ou sem doença hepática.

  • Como ela se manifesta?

A HPP é quase sempre assintomática, e estes pacientes têm mais sintomas relacionados com a cirrose ou hipertensão portal, mascarando o quadro clínico de HPP. Além disso, doenças cardiopulmonares (insuficiência cardíaca, ou a doença pulmonar obstrutiva ou restritiva) podem também estar presentes em pacientes com cirrose hepática, o que pode dificultar o diagnóstico diferencial.

Os sintomas mais frequentes são geralmente sutis e inespecíficos, como a dispneia aos esforços (falta de ar) e a fadiga. A dispneia aos esforços é o sintoma mais comum, mas é importante reconhecer que é frequentemente relacionado a outras condições clínicas, tais como ascite refratária, hidrotórax hepático, anemia e sarcopenia, comumente vistos na cirrose hepática avançada.

  • Quando a doença evolui, o que acontece?

Em caso de progressão da doença, os pacientes podem apresentar dor no peito, síncope, palpitações, ortopnéia, hemoptise, dispneia em repouso e edema periférico (inchaço nas pernas). Achados do exame físico podem incluir sinais de insuficiência cardíaca direita, segunda bulha hiperfonética, sopro sistólico por causa da insuficiência tricúspide, estase de jugular e edema periférico; além de sinais de doença crônica do fígado e hipertensão postal, como eritema palmar, aranhas vasculares, ginecomastia e esplenomegalia.

  • Como diagnosticar a HPP?

Todos os pacientes com suspeita clínica de hipertensão portopulmonar devem ser submetidos à uma avaliação diagnóstica detalhada para excluir outras causas de dispneia, particularmente outras formas de hipertensão pulmonar. O diagnóstico diferencial inclui hipertensão pulmonar idiopática, hipertensão pulmonar associada com doença do colágeno, infecção pelo vírus HIV, doença tromboembólica crônica e hipertensão pulmonar resultante de insuficiência cardíaca esquerda ou doenças pulmonares crônicas.

O exame de ecocardiograma transtorácico é suficiente para o diagnóstico na maioria dos casos, sendo necessário a realização de cateterismo cardíaco em alguns casos.

  • Como tratar essa condição?

A média de sobrevida da HPP sem intervenção médica é de, aproximadamente, 15 meses, e de 6 meses sem transplante hepático (TX).
Contudo, pressões elevadas na artéria pulmonar podem contraindicar o TX, devido a alta taxa de mortalidade no pré e pós-operatório. Pressão na artéria pulmonar média (<35 mmHg (HPP leve) está associada com 0% de mortalidade. Quando PAPs está entre 35 e 45 mmHg pode levar a mortalidade de 50%, já nos pacientes com HPP grave (PAPm ≥45 mmHg) podem ter altas taxas de de mortalidade.

A Sociedade Europeia de doenças respiratórias recomenda que pacientes com uma PAPm <35 mmHg podem submeter-se a TX; pacientes com PAPm entre 35 a 45 mmHg devem receber terapia com vasodilatador até o TX; e pacientes com PAP > 45 mmHg devem receber somente terapia com vasodilatador e não ser submetido ao transplante, devido à alta mortalidade.

Se você está no grupo de risco ou possui sintomas semelhantes aos descritos nesse texto, busque a orientação de um médico hepatologista o quanto antes! Quanto mais cedo as intervenções para cuidar de você, melhores serão as chances de preservar a sua qualidade de vida!

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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