A cirrose hepática é uma doença crônica que acomete o fígado, decorrente da agressão persistente ao longo da vida que leva à diminuição ou perda total de funções que nos são essenciais, tais como: produção de proteínas, metabolização de toxinas e drogas, armazenamento de glicose, produção de colesterol, produção de bile e armazenamento de vitaminas e minerais. Quando isso acontece, o processo de reparação do órgão pode levar à fibrose, formando nódulos que causam alteração de sua arquitetura.
O que causa a cirrose hepática?
As causas mais comuns da cirrose são o consumo abusivo de álcool, hepatites B e C, doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) ou erros congênitos de doenças metabólicas. Entretanto, até 20% das cirroses permanecem com a etiologia indeterminada.
Principais sintomas e diagnóstico
Quando a doença está começando a se desenvolver, as principais queixas são cansaço, perda de peso, falta de apetite e dores abdominais. Em quadros onde a doença já se desenvolveu e se encaminha para estágios mais agravados, os sintomas são mais alarmantes: apresenta-se icterícia, ou seja, a pele e os olhos ficam amarelados; pode ocorrer inchaço da barriga e, também, evacuação com presença de sangue. Além desses sintomas, o câncer de fígado é uma consequência possível.
O problema é que essa é uma doença que, apesar de ter tantos sintomas associados, pode também ser muito silenciosa e não apresentar nenhum sintoma por um longo tempo.
Dessa forma, pacientes que possuem histórico familiar, alguma predisposição ou fator de risco devem ficar atentos e realizar acompanhamento médico a fim de mitigar as chances de desenvolvê-la.
Quais são as complicações da doença?
Todo o sangue que vem do sistema digestivo e do baço passa, obrigatoriamente, pelo fígado antes de seguir para o resto do corpo. Quando a cirrose está estabelecida, há um aumento da pressão nas veias hepáticas, levando à formação de varizes no esôfago, estômago e reto que, quando calibrosas, podem causar sangramentos digestivos graves.
Alterações neuropsiquiátricas são observadas e caracterizadas por mudanças na personalidade e no comprometimento da cognição, da função motora e do nível de consciência, decorrentes da incapacidade do fígado de metabolizar neurotoxinas (amônia).
O baço também é um órgão afetado pela cirrose hepática, uma vez que a hipertensão nas veias do fígado faz com que o sangue permaneça mais tempo dentro do baço, que acaba por eliminar células sanguíneas mais do que seria necessário - causando anemia, plaquetopenia e leucopenia (leucócitos baixos).
Muitas outras complicações podem surgir decorrentes do mau funcionamento do fígado e seu processo de fibrose, por isso é tão importante ficar atento aos hábitos de vida e surgimento de sintomas.
Como são feitos os diagnósticos e o tratamento?
O diagnóstico, na maioria dos casos, é feito através da história clínica, exame físico, exames de sangue e ultrassonografia do abdômen superior. A biópsia hepática é indicada em casos específicos.
O tratamento curativo da cirrose é o transplante hepático (TXH) e é indicado para pacientes que têm complicações da doença que não respondem ao tratamento clínico ou que têm câncer de fígado.
Algumas considerações
O mais importante para a prevenção é mudar o estilo de vida para melhor evitando ou eliminando fatores que acarretam a cirrose. Caso esteja apresentando algum dos sintomas mencionados ou se você pertencer ao grupo de risco, vale buscar aconselhamento profissional e realizar os exames pertinentes.