Mudanças no estilo de vida são cada vez mais comuns com a globalização e rápido avanço tecnológico. Todos os nossos hábitos são afetados por esses movimentos: nossa prática de exercícios, nosso sono, nosso impacto ambiental e, principalmente, nossa relação com a comida. Já é comum ouvirmos que isso possibilitou o crescimento de preocupantes condições, como diabetes mellitus e obesidade, mas precisamos falar sobre uma outra doença: a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), mais conhecida como esteatose hepática.
A esteatose hepática é uma doença caracterizada pelo acúmulo de gordura no interior das células do fígado (hepatócitos). Condição que acomete cerca de 20 a 30% da população mundial e está fortemente relacionada à síndrome metabólica e resistência insulínica, sendo diretamente proporcional ao aumento do índice de massa corporal (IMC), medida que define quadros de sobrepeso e/ou obesidade, mas pode ocorrer em pacientes magros (condição rara). Para além, a esteatose hepática também pode estar relacionada a quadros de desnutrição grave, diabetes tipo II, nutrição parenteral prolongada (mais comum em pacientes hospitalizados), uso de medicamentos e exposição a toxinas.
A esteatose hepática já foi, por muito tempo, considerada uma manifestação benigna. Hoje, sabemos que há perigo no atraso do seu diagnóstico e não tratamento, podendo evoluir para esteatohepatite não alcoólica (NASH), cirrose e até mesmo carcinoma hepatocelular (câncer primário de fígado).
O primeiro passo para quem possui a esteatose hepática é realizar o acompanhamento com o hepatologista e seguir o tratamento proposto pelo profissional. Mas tem algo em comum que todo paciente deve se atentar e seguir com responsabilidade: o tratamento nutricional. A adaptação da alimentação se faz fundamental não apenas para controlar o acúmulo de gordura no fígado, mas também para tratar condições associadas, contribuindo para o controle glicêmico, além da redução de peso e gordura visceral (principalmente a que se deposita na região abdominal).
Mas existe uma dieta específica para a melhora desta condição? Sim, sabe-se que a perda ponderal em torno de 7-10% do peso corporal reduz a gordura hepática e melhora a resistência insulínica hepática. Alguns cuidados são essenciais na hora de traçar um plano alimentar junto ao paciente. O maior deles está relacionado à qualidade, quantidade e tipo do alimento! As recomendações dietéticas devem incluir a restrição calórica e a exclusão de alimentos processados, alimentos e bebidas com alto teor de frutose, industrializados, ricos em açúcar e gorduras saturadas e com farinha branca.
Fibras e probióticos têm sido eficazes na redução da adiposidade e controle da doença. Probióticos de várias espécies, principalmente, têm influência direta sobre a regulação da flora intestinal, influenciando indiretamente diversos outros fatores do organismo, dentre eles, o perfil glicêmico e o nosso peso. Alimentos ricos em ômega-3, como peixes gordurosos e azeite de oliva, também podem ajudar no controle da esteatose hepática e contribuem para uma melhor resposta à insulina.
Portanto, para pacientes diagnosticados com DHGNA, a mudança começa pela alimentação! O ideal é que o tratamento seja multidisciplinar, em que o hepatologista trabalhe em conjunto com um nutricionista para definir o melhor plano nutricional para redução do peso e controle das condições associadas à esteatose hepática. Com essas dicas, você já pode ter uma ideia do que já pode ser evitado no seu prato para ter uma boa saúde!
Afinal, prevenção é sempre o melhor caminho! Comece com o autocuidado hoje para desfrutar de um futuro mais saudável!