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a imagem mostra uma pessoa da área da saúde usando uniforme de cirurgia com a palma da mão estendida, onde sobre ela tem o desenho de um fígado

Hepatologia

VOCÊ SABE O QUE É HEPATOLOGIA?

A hepatologia se dedica ao estudo de doenças do fígado, um órgão vital para o funcionamento do organismo e manutenção de uma boa saúde. Ele é responsável por regular o metabolismo dos carboidratos e dos lípedes, além de ser responsável pela síntese de proteínas, produção de bile e metabolização de drogas e toxinas. Também atua no mecanismo de defesa do organismo contra bactérias e no armazenamento de ferro, vitaminas e minerais.

Cerca de 30% da população brasileira é portadora de alguma doença hepática. As causas mais comuns são secundárias ao uso abusivo do álcool, Hepatite B e C e doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). O consumo excessivo e prolongado de álcool (60 g/dia para homens e 40 g/dia para mulheres) pode levar ao desenvolvimento de lesões permanentes no fígado, como a cirrose hepática. Já a hepatite B tem cura em cerca de 80% dos casos, ao contrário da infecção pelo vírus C, que evolui para sua forma crônica na mesma porcentagem. Atualmente, há tratamentos bastante eficazes para hepatite C.

A DHGNA é caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática), que em graus mais avançados pode evoluir para hepatite crônica, cirrose e câncer primário do fígado. A causa mais comum é secundária à obesidade e ao diabetes, mas pode ser decorrente de dislipidemia (aumento de colesterol e triglicérides), hipotireoidismo, desnutrição grave, genética e uso de medicamentos. Os índices atuais de obesidade são alarmantes, portanto, sua prevenção depende de um estilo saudável e do controle de peso.

Os sintomas que podem indicar algum problema no fígado são icterícia (olhos amarelos) e ascite (acúmulo de líquido no abdômen), mas vale ressaltar que a doença pode ser assintomática. Portanto, é fundamental realizar exames de rotina incluindo a ultrassonografia de abdômen e dosagens séricas para avaliação da função hepática (albumina, TGO, TGP, Gama GT, Fosfatase Alcalina, bilirrubinas T e frações e tempo de protrombina). Não se descuide: mantenha o acompanhamento médico em dia e, em caso de suspeita, busque um hepatologista!

a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

DÚVIDAS FREQUENTES

Confira, a seguir, algumas das dúvidas mais comuns sobre as doenças do fígado, quem sabe uma delas é a sua!

Quando devo procurar um hepatologista?

O hepatologista é especializado no tratamento de doenças do fígado e nas vias biliares. Isso inclui todas as hepatites (virais, autoimunes e medicamentosas) e cirrose hepática, além de doenças nas vias biliares, genéticas e metabólicas. O profissional faz o diagnóstico das doenças relacionadas ao fígado e define o melhor tratamento para cada caso. Olhos e pele amarelados e sangramento no vômito podem alertar a hora de buscar ajuda.

É verdade que existe vacina para hepatite?

Sim. A vacina para hepatite A foi introduzida no calendário nacional infantil em 2014, para crianças de 1 a 2 anos de idade. As pessoas também podem ser vacinadas contra a hepatite B. A imunização é gratuita pelo SUS e é feita em três doses. Sua eficácia ocorre quando a vacina é tomada com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda dose e de seis meses entre a primeira e a terceira. Não existe vacina contra a hepatite C.

Quais os sistemas mais comuns das doenças hepáticas?

As doenças que acometem o fígado podem ser silenciosas, portanto, não costumam desenvolver sintomas de fácil percepção pelo paciente nos estágios iniciais. Porém, quando evidentes, podem causar icterícia (olho e pele amarelados), colúria (urina escurecida), ascite (líquido no abdômen, conhecido por barriga d’água), fígado aumentado, levando a dor abdominal e acolia fecal (fezes esbranquiçadas), assim como a presença de sangue no vômito.

O que é câncer de fígado?

Pacientes com cirrose hepática têm maiores chances (cerca de 30%) de desenvolver hepatocarcinoma (câncer de fígado), principalmente se a cirrose for secundária à hepatite B, hepatite C, doença hepática gordurosa não alcoólica, alcoólica e por hemocromatose. Entre os sintomas estão o inchaço e dores abdominais, olhos e pele amarelos e cansaço. Sua malignidade é alta, sendo uma doença agressiva cujo tratamento curativo é o transplante de fígado

O que é cirrose hepática?

Uma doença crônica que acomete o fígado, decorrente da agressão persistente por anos, levando à diminuição ou perda das suas funções (falência hepática) que são essenciais à vida, tais como metabolização de toxinas, armazenamento de glicose, produção de bile, e outras. O processo de reparação do órgão à agressão leva à substituição do tecido normal por tecido cicatricial (fibrose), formando nódulos que causam alteração da arquitetura do órgão.

O que o fígado deixa de fazer quando está doente?

Quando o fígado está debilitado, o armazenamento dos nutrientes e de gordura como fonte de energia fica comprometido, assim como a boa filtragem do sangue. Como o fluxo sanguíneo não está sendo filtrado de maneira adequada, leva à distribuição de toxinas e substâncias não metabolizadas, que podem ser nocivas para todo o corpo.

Quem pode desenvolver cirrose hepática?

A cirrose pode acontecer em todas as idades, inclusive em crianças e em ambos os sexos, mas é mais comum em homens acima de 55 anos, principalmente naqueles que ingerem bebidas alcoólicas excessivamente (acima de 60g diariamente). As mulheres são mais susceptíveis a desenvolver hepatite autoimune quando jovens e na meia-idade, ou cirrose biliar primária acima dos 40 anos (9 vezes mais frequente na população feminina do que na masculina).

O que eu devo fazer para manter o meu fígado saudável?

Não abusar de medicamentos sem prescrição médica e não ingerir chás e medicamentos tidos como naturais, principalmente os que prometem emagrecer e aumentar a massa muscular. Ter uma alimentação balanceada, com pouca ingestão de alimentos gordurosos, embutidos, açucarados ou industrializados, além de praticar exercícios físicos regularmente. Evitar o consumo abusivo de álcool, 60g/dia para homens e 40g/dia para mulheres, por longos períodos, podem danificar permanentemente o seu fígado.

Como prevenir o acúmulo de gordura no fígado?

É fundamental cultivar um estilo de vida saudável, com uma alimentação rica e balanceada e prática de atividades físicas regulares. Fique atento às medidas da circunferência abdominal, que não devem ultrapassar 88 cm nas mulheres e 102 cm nos homens. Além disso, beba bastante água e evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Em caso de histórico familiar de doenças hepáticas, realize o acompanhamento médico periódico.

Gordura no fígado e grave?

A doença hepática gordurosa não alcoólica, ou seja, gordura no fígado não relacionada ao álcool, preocupa, pois, quando há gordura depositada no fígado, aumenta o risco de desenvolver doenças cardiacovasculares em quase duas vezes. Além disso, a gordura pode levar a um processo de inflamação crônica do órgão, causando uma hepatite chamada esteado-hepatite não alcoólica (NASH), que pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado, cujo tratamento é o transplante de fígado.

Hepatites virais: como posso pegar?

As hepatites A e E são transmitidas pelo ciclo oral fecal, ou seja, pela água e alimentos contaminados eliminados nas fezes. As hepatites B e C são principalmente transmitidas pela via parenteral, ou seja, com sangue e derivados, por transfusões e/ou instrumentos contaminados, sendo raramente transmitida por via sexual e vertical (mãe para filho durante o parto). A hepatite D (delta) está associada à infecção pelo vírus da hepatite B.

Quando o transplante de fígado é indicado?

O transplante de fígado pode ser indicado quando o órgão encontra-se gravemente comprometido e deixa de funcionar, como pode acontecer em caso de cirrose, hepatite fulminante, ou câncer, em pessoas de diferentes idades, inclusive crianças.

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