logotipo - dra Lilian Curvelo
  1. Home
  2. /
  3. Artigos
  4. /
  5. Esteatose Hepática: conheça as causas e as medidas de prevenção
Sumário

A esteatose hepática, também conhecida como gordura no fígado, é uma condição em que ocorre um acúmulo excessivo de gordura nas células do fígado, chamada hepatócitos >5%. Essa condição pode ocorrer em pessoas que consomem álcool em excesso (esteatose hepática alcoólica) ou em pessoas que não consomem quantidades significativas de álcool (esteatose hepática não alcoólica ou NAFLD, na sigla em inglês).

Embora seja comumente considerada uma condição benigna, a esteatose hepática pode progredir para estágios mais graves, como esteato-hepatite não alcoólica (NASH), fibrose e cirrose hepática, que são doenças hepáticas crônicas mais graves.

Por isso, é muito importante entender as causas dessa doença e como pode ser prevenida. Afinal, na maioria das vezes, a esteatose hepática pode ser evitada por meio de medidas simples, e neste artigo você vai descobrir quais são elas.

Continue lendo para entender o que provoca o acúmulo de gordura no fígado e como você pode evitar que isso aconteça.

Quais são as causas da esteatose hepática?

No último Congresso da Associação Europeia para o Estudo do Fígado (EASL) que aconteceu em junho deste ano foi definida uma nova classificação para a doença hepática gordurosa. O nome escolhido para substituir a DHGNA foi doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD). Houve consenso para mudar a definição para incluir a presença de pelo menos um dos cinco fatores de risco cardiometabólicos. Aqueles sem parâmetros metabólicos e sem causa conhecida foram considerados portadores de doença hepática gordurosa (SLD) criptogênica. Uma nova categoria, fora da MASLD pura, denominada MetALD, foi selecionada para descrever aqueles com MASLD que consomem maiores quantidades de álcool por semana (140 a 350 g/semana e 210 a 420 g/semana para mulheres e homens, respectivamente). 

Veja a seguir as causas mais detalhadamente.

 Doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD)

A esteatose hepática relacionada a fatores cardiometabólicos está fortemente associada a distúrbios metabólicos, como resistência à insulina, obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia (níveis anormais de lipídios no sangue) e hipertensão. Saiba quais são eles abaixo:

 Tem que ter pelo menos um dos 5:

  1. IMC ≥ 25 kg (m3) para Asiáticos ou cintura abdominal > 94 cm para Homem e > 80cm para Mulher OU ajustado pela raça;
  2. Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dl OU Hb glicada ≥ 5,7 OU glicemia pós prandial de 2 h ≥ ou igual 140 mg/dl OU DM2 OU uso de medicação p/ DM2;
  3. HAS ≥ 130/85 mmHg OU uso de medicação p HAS;
  4. Triglicérides ≥ 150 mg/dl OU uso de medicação para hipertrigliceridemia;
  5. HDL ≤ 40 mg/dl p Homem e  ≤ 50 mg/dl p Mulher OU  uso de medicação para hipercolesterolemia.

A resistência à insulina é considerada um fator chave na fisiopatologia da doença. A resistência à insulina ocorre quando as células do corpo têm dificuldade em responder adequadamente à insulina, um hormônio importante envolvido no controle dos níveis de glicose no sangue. Como resultado, o pâncreas produz mais insulina para compensar, levando a níveis elevados de insulina no sangue. Essa condição pode contribuir para o acúmulo de gordura no fígado.

Além da resistência à insulina, a obesidade também desempenha um papel significativo na fisiopatologia. O excesso de peso, especialmente a obesidade central (acúmulo de gordura na região abdominal), está associado a um maior risco de desenvolver esteatose hepática. A gordura visceral, que envolve os órgãos internos na cavidade abdominal, é particularmente prejudicial e pode liberar substâncias inflamatórias que afetam negativamente o fígado.

A dislipidemia, caracterizada por níveis elevados de triglicerídeos e colesterol, também está frequentemente presente em pacientes com a esteatose hepática (sld). Essas anormalidades lipídicas podem contribuir para a deposição de gordura no fígado.

A SLD está intimamente ligada ao desenvolvimento de diabetes tipo 2. A resistência à insulina associada à doença hepática gordurosa pode levar a um desequilíbrio no metabolismo da glicose, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue e no desenvolvimento de diabetes.

A hipertensão arterial também é comumente observada em pacientes com SLD. A pressão arterial elevada pode aumentar o risco de progressão da doença hepática e complicações associadas.

É importante destacar que a disfunção metabólica e a doença hepática gordurosa têm uma relação de mão dupla. A presença de  SLD pode agravar a resistência à insulina e a dislipidemia, enquanto a disfunção metabólica subjacente pode influenciar o desenvolvimento e a progressão da doença hepática gordurosa.

MASLD associada ao consumo de bebida alcoólica denominada MetALD

Engloba os pacientes com MASLD que consomem maiores quantidades de álcool por semana (140 a 350 g/semana para mulheres e 210 a 420 g/semana para homens. 

Esteatose hepática criptogênica, sem causa conhecida

Esteatose hepática associada ao consumo de álcool (SLD):

Geralmente, a esteatose hepática alcoólica ocorre em indivíduos que consomem quantidades excessivas de álcool regularmente ao longo do tempo. Estudos e diretrizes médicas sugerem que o consumo excessivo de álcool é considerado um fator de risco significativo para o desenvolvimento da esteatose hepática. 

  • Consumo moderado de álcool: O consumo moderado de álcool é definido como não mais que 20 gramas de etanol por dia para mulheres e 30 gramas de etanol por dia para homens. Essas quantidades correspondem a aproximadamente uma a duas doses de destilados (como whisky, vodka ou rum), duas a três doses de vinho ou três a quatro doses de cerveja.
  • Consumo excessivo de álcool: O consumo excessivo de álcool é definido como o consumo de mais de 40 gramas de etanol por dia para mulheres e mais de 60 gramas de etanol por dia para homens. Essas quantidades correspondem a aproximadamente quatro doses de destilados, seis doses de vinho ou oito doses de cerveja.

É importante ressaltar que essas são diretrizes gerais e podem variar dependendo de outros fatores individuais, como saúde geral do fígado, susceptibilidade individual e outros fatores de risco envolvidos.

Esteatose hepática com causa específica

  • Relacionada ao uso de medicamentos;
  • Doença monogênica: deficiência de lipase ácida lisossomal, doença de Wilson, hipobetalipoproteinemia, erros inatos do metabolismo;
  • Miscelânea: hepatite C, má nutrição, doença Celíaca.

Como prevenir a esteatose hepática?

A prevenção da esteatose hepática envolve a adoção de medidas saudáveis que promovem a saúde do fígado e evitam o acúmulo de gordura nas células hepáticas. Aqui estão algumas medidas importantes para prevenir a esteatose hepática:

Moderação no consumo de álcool

O consumo excessivo de álcool é uma das principais causas de esteatose hepática. Portanto, é essencial limitar o consumo de álcool dentro dos limites recomendados. Para mulheres, isso significa não mais que uma dose por dia, e para homens, não mais que duas doses por dia. No entanto, é importante lembrar que indivíduos com condições pré-existentes do fígado ou outros fatores de risco podem precisar evitar completamente o consumo de álcool.

 Adote uma dieta equilibrada 

Uma alimentação saudável desempenha um papel crucial na prevenção da esteatose hepática. Opte por uma dieta rica em frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis. Evite alimentos processados, ricos em gorduras saturadas, açúcares adicionados e alimentos com alto teor de sal. É importante controlar o consumo de calorias e manter um peso corporal saudável.

Pratique atividade física regularmente

O exercício físico regular ajuda a manter um peso saudável, reduzir a gordura corporal e melhorar a saúde metabólica. Tente incorporar pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada, como caminhadas, ciclismo ou natação, na sua rotina semanal. Além disso, inclua exercícios de fortalecimento muscular duas vezes por semana.

Controle as condições médicas subjacentes

Condições como obesidade, diabetes, dislipidemia e síndrome metabólica aumentam o risco de esteatose hepática. É importante controlar essas condições com o acompanhamento médico adequado, seguindo as recomendações de tratamento, tomando medicamentos prescritos e fazendo exames regulares.

 Evite o uso de substâncias hepatotóxicas

Além do álcool, evite o uso de substâncias que possam ser prejudiciais ao fígado, como drogas ilícitas e o consumo excessivo de medicamentos sem prescrição médica.

Mantenha um estilo de vida saudável 

Além das medidas mencionadas acima, é importante adotar um estilo de vida saudável de maneira geral. Isso inclui evitar o tabagismo, dormir adequadamente, reduzir o estresse, evitar o uso excessivo de medicamentos e buscar um equilíbrio entre trabalho, descanso e lazer.

É sempre recomendado consultar um profissional de saúde para uma avaliação individualizada e obter orientações específicas para a prevenção da esteatose hepática, especialmente se você tiver fatores de risco adicionais ou preocupações relacionadas à saúde do fígado. Procure um médico hepatologista e não descuide de sua saúde !

Gostou do conteúdo? Compartilhe!
a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Agende sua
Consulta

AGENDE AQUI
magnifiercrossmenuchevron-downarrow-down-circle