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  5. Intolerância à Lactose: entenda causas e sintomas e diagnóstico preciso
Sumário

A intolerância à lactose é a incapacidade do corpo de digerir completamente a lactose, um tipo de açúcar encontrado no leite e seus derivados. Ela ocorre devido à deficiência ou ausência da enzima lactase, necessária para quebrar a lactose em glicose e galactose, que podem ser facilmente absorvidas pelo corpo.

As microvilosidades do intestino delgado, principalmente no jejuno, é onde se localiza a lactase, quando essa enzima não é absorvida, seu efeito osmótico na luz do íleo terminal do intestino e, principalmente, cólon faz com que a água e eletrólitos se elevam, aumentando o peristaltismo, dor abdominal, diarreia, além de outros sintomas.

A sua prevalência tem aumentado na população em geral devido ao uso indiscriminado de antibióticos e medicações que induzem uma atrofia vilositária intestinal (pregas intestinais).

CAUSAS E SINTOMAS

A intolerância à lactose pode ser classificada em três categorias distintas, com base na sua etiologia e manifestação clínica:

  1. Primária ou adquirida:
    • Causa: A intolerância à lactose primária é a forma mais comum e ocorre quando o corpo diminui gradualmente a produção de lactase ao longo do tempo, geralmente a partir da adolescência ou idade adulta. Essa diminuição na produção de lactase é frequentemente associada à predisposição genética e é mais comum em algumas populações do que em outras.
    • Sintomas: Os sintomas variam em gravidade e podem incluir desconforto abdominal, inchaço, gases, diarreia e, em casos mais graves, náuseas e cólicas.
  2. Secundária - Induzida por doenças ou lesões:
    • Causa: Esse tipo de intolerância à lactose é resultado de uma condição subjacente, que acomete o intestino delgado, como a doença Celíaca, doença de Crohn,a enterite infecciosa causada por giárdia, e o supercrescimento bacteriano do intestino delgado (SIBO) por exemplo, podem se apresentar com perda transitória e reversível da lactase.
    • Sintomas: Os sintomas geralmente são semelhantes aos da intolerância à lactose primária e podem variar em gravidade.
  3. Congênita (Rara):
    • Causa: A intolerância à lactose congênita é uma condição rara que ocorre quando uma criança nasce com uma deficiência completa ou quase completa de lactase devido a uma mutação genética. Essa forma de intolerância à lactose é muito rara e é diagnosticada em bebês logo após o nascimento.
    • Sintomas: Os sintomas podem se manifestar imediatamente após a introdução do leite materno ou de fórmulas lácteas e incluem diarreia grave e desidratação.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico pode estabelecido apenas com a história clínica que correlaciona a ingestão de leite ou derivados com o surgimento dos sintomas.

Alguns exames complementares podem ser úteis para o diagnóstico:

  1. Teste de Hidrogênio no Ar Expirado: Mede a quantidade de hidrogênio no ar expirado após a ingestão de lactose. O paciente ingere uma quantidade medida de lactose (geralmente uma solução de lactose) após um período de jejum. Em seguida, a respiração do paciente é monitorada ao longo de várias horas para medir os níveis de hidrogênio no ar expirado.
  2. Teste de Tolerância à Lactose: Trata-se de uma prova de absorção, onde são realizadas dosagens de glicose no sangue antes e após a administração de lactose, via oral (0, 30, 60 e 90 min). O teste tem duração aproximada de 90 minutos.O indivíduo capaz de digerir a lactose apresenta um incremento de 20 mg/dL na glicemia.
  3. Teste genético: Análise da mutação LCT-13910 C>T do gene MCM6 por PCR, realizada por coleta de sangue ou saliva. A análise isolada do gene MCM6 é mais indicada para adolescentes e adultos e a análise de mutações no gene LCT para recém-natos com quadro gastrointestinal grave. Por último, a análise do gene LCT juntamente com o gene MCM6 é indicada para os lactentes, crianças e adultos com a finalidade de diagnóstico diferencial entre as causas de doenças gastrointestinais persistentes. 

TRATAMENTO

A principal medida terapêutica é a retirada da lactose da dieta. Os pacientes costumam apresentar melhora clínica satisfatória na primeira semana e na maioria das vezes não necessitam de investigação adicional.

Nos últimos anos os suplementos com lactase foram desenvolvidos e podem ser utlizados em doses de 4.000 a 10.000 unidades, de 3 a 5 minutos antes da ingestão de um alimento rico em lactose.

É importante ressaltar que a intolerância à lactose varia de pessoa para pessoa em termos de gravidade e tolerância à quantidade de lactose consumida. Além disso, o tratamento e a gestão da intolerância à lactose podem ser personalizados de acordo com as necessidades individuais.

Se você suspeitar de intolerância à lactose, é aconselhável consultar um médico gastroenterologista para um diagnóstico preciso e orientações específicas sobre dieta e tratamento.

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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