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  5. O pulmão e o fígado: entenda a síndrome hepatopulmonar
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A cirrose é uma doença hepática crônica e grave, que evolui inicialmente de maneira silenciosa e, quando não tratada adequadamente, possui prognósticos preocupantes. Dentre as diversas consequências no paciente cirróticos que conversamos no último mês, temos a Síndrome Hepatopulmonar (SHP). Vamos entender mais sobre essa condição?

O que é a Síndrome Hepatopulmonar (SHP)?

A Síndrome Hepatopulmonar é um distúrbio de trocas gasosas que ocorrem devido a dilatações vasculares intrapulmonares (DVIP) e shunts arteriovenosos levando a hipoxemia, em pacientes com doença hepática crônica ou hipertensão portal.

O que pode causar essa condição?

Geralmente, estão associadas à SHP as aranhas vasculares (Spiders) – lesões cutâneas que podem ser indicadoras de dilatações vasculares intrapulmonares, conectando diretamente ramos arteriais a venosos. São identificadas com maior frequência na face, pescoço, tronco proximal e membros superiores.

Como essa condição se manifesta?

As manifestações clínicas da SHP se relacionam tanto à hepatopatia quanto à disfunção pulmonar. Mais de 80% dos pacientes tem sinais e sintomas de doença hepática crônica no momento do diagnóstico, como fadiga, anorexia, ascite, fígado aumentado ou reduzido, esplenomegalia, circulação colateral, flapping e atrofia testicular.

Tipos de Síndrome Hepatopulmonar

A Síndrome Hepatopulmonar, após recente consenso, foi dividida em quatro diferentes tipos, levando em consideração as alterações do exame de gasometria que avalia o grau de oxigenação no sangue. A subdivisão entre os tipos ficou definida como:

-Leve: PaO2 mmHg ≥ 80

-Moderado: PaO2 mmHg < 80 e ≥ 60

-Grave: PaO2 mmHg < 60 e ≥ 50

-Muito grave: PaO2 mmHg < 50 ou < 300 com O2 a 100%

Quais são os principais sintomas?

A maioria dos pacientes não apresenta sintomas nos estágios iniciais. Quando evidente, o sintoma mais prevalente é a dispneia progressiva (falta de ar), inicialmente aos esforços físicos e posteriormente em repouso, após longo tempo de evolução da hepatopatia.

Entretanto, não se trata de manifestação específica, uma vez ela pode ocorrer em outras condições como hidrotórax hepático, hipertensão portopulmonar, anemia, ascite volumosa, anemia e anasarca. Associam-se como achados adicionais: baqueteamento digital (unhas com aspecto de vidro de relógio), cianose de extremidades( dedos roxos), porém vale ressaltar que estes são achados que também podem ocorrer em outras doenças pulmonares.

Como é possível diagnosticar?

A anamnese (avaliação clínica) realizada pelo médico hepatologista é o passo inicial. Caso haja suspeite de SHP pela presença do sintoma de dispneia, a primeira triagem é a realização do exame de oximetria de pulso. Se o resultado for <96%, é necessário a solicitação de novos exames para diagnóstico final.

Dentre os exames solicitados, podemos citar: (1) gasometria arterial, que deve confirmar a hipoxemia e aumento do gradiente alveolo-arterial de O2; (2) ecocardiograma transtorácico com microbolhas, para mostrar a presença de bolhas no shunt intrapulmonar, ao lado esquerdo, além de avaliar a pressão na artéria pulmonar e permitir o diagnóstico de hipertensão portopulmonar; (3) e a radiografia ou tomografia de tórax, para diagnósticos diferenciais.

Como tratar a Síndrome Hepatopulmonar

O único tratamento indicado após o diagnóstico é a suplementação de oxigênio, indicada para pacientes com os tipos grave e muito grave da condição. A cura só é possível através do transplante hepático, a sua indicação e momento ideal para entrar na fila de transplante devem ser avaliados pelo médico hepatologista.

Ao notar algum dos sintomas descritos acima durante o tratamento da cirrose, consulte o seu hepatologista para investigar o quadro e realizar todos os exames necessários para preservar sua saúde e qualidade de vida!

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a imagem mostra a Dra Lilian Curvelo de frente para a câmera, sorrindo e com a mão apoiada no queixo
Dra Lilian Curvelo
CRM 78.526/SP
RQE 84418 - Gastroenterologia

Sou médica formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com especialização e doutorado em Gastroenterologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pós-doutorado em transplante de fígado pela Universidade Erasmus-MC na Holanda.

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