A esteatose hepática é um dos espectros da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) associada a distúrbios metabólicos e é popularmente conhecida como gordura no fígado.
Como o próprio nome já sugere, trata-se do excessivo acúmulo de adipócitos nas células hepáticas (hepatócitos), oriundo de causas primárias, secundárias ou doenças e condições clínicas pré-existentes:
- Fatores primários: sobrepeso e obesidade, diabetes mellitus, dislipidemia (que é o aumento do colesterol e/ou do triglicérides) e síndrome metabólica.
- Fatores secundários: medicamentos (tais como amiodarona, corticoides, estrógenos e tamoxifeno), toxinas ambientais (advindos de produtos químicos, por exemplo), esteroides anabolizantes e cirurgias abdominais (como bypass jejuno-ileal e derivações bilio-digestivas).
- Doenças que podem ter DHGNA associada: hepatite C crônica, síndrome de ovários policísticos, hipotireoidismo, hipogonadismo, síndrome da apneia do sono, lipodistrofia (alteração na distribuição de gordura no corpo), abetalipoproteinemia e deficiência de lipase ácida.
A grande questão que dificulta a descoberta da esteatose é que a maioria dos pacientes é assintomática - mais de 80% dos casos - portanto, em apenas 20% dos indivíduos há queixas como desconforto epigástrico, fadiga ou cansaço e hepatomegalia.
Por esse motivo, muitas vezes, o diagnóstico é acidental, quando o médico solicita exames de ultrassonografia abdominal por outro motivo e nota-se o acúmulo lipídico. A presença de elevações nas enzimas hepáticas ou de hepatomegalia também auxilia na descoberta da esteatose hepática.
O grande problema é que, quando não tratada precocemente, a doença pode ficar mais grave, evoluindo para esteatohepatite, cirrose hepática e hepatocarcinoma (câncer de fígado).
De modo geral, a esteatose é reversível e o tratamento dependerá da causa da doença:
- DHGNA de causas primárias: manter o controle das doenças relacionadas é fundamental no tratamento da DHGNA, através de mudanças de hábitos de vida e de medicamentos específicos.
- DHGNA de causas secundárias: a suspensão do medicamento ou readequação na estratégia terapêutica é muito necessária, bem como evitar os ambientes contaminados ou continuar o acompanhamento médico após cirurgias abdominais.
- DHGNA associada a outras doenças: é fundamental o tratamento da doença principal.
Uma vez controlados os fatores que dão origem à doença, a esteatose pode permanecer estável em torno de até 80% dos pacientes em tratamento. Mesmo assim, alguns casos evoluem para esteatohepatite, mas esses quadros também podem ser controlados com o tratamento adequado.
Com todas essas informações, vemos que duas condutas são determinantes em quadros de esteatose hepática ou esteatoepatite: o diagnóstico precoce e a aderência dos pacientes, ao longo da vida, às condutas e tratamento, orientadas pelo seu médico hepatologista de confiança.
Vale lembrar que ao optarmos por um estilo de vida mais saudável, podemos evitar estas e outras complicações de saúde. E se você quer saber como, te convido a acompanhar o próximo conteúdo do blog. Te vejo lá!