A hepatopatia associada à dengue representa uma complicação que pode variar em gravidade, exigindo reconhecimento e manejo clínico apropriados. As estratégias de prevenção são a chave para mitigar o impacto da dengue na saúde pública, destacando a importância da conscientização comunitária e do engajamento das autoridades de saúde no controle do vetor e na promoção de medidas preventivas.
Introdução
A dengue é uma arbovirose de significativa importância global, causada pelo vírus da dengue (DENV), um flavivírus transmitido por mosquitos do gênero Aedes. Entre as complicações sistêmicas da dengue, a hepatopatia é frequentemente observada, variando de elevações leves das enzimas hepáticas a casos graves de falência hepática.
Mecanismo de Ação do Vírus no Fígado
O DENV tem tropismo pelo parênquima hepático. Após a picada do vetor, o vírus dissemina-se hematogenicamente (no sangue), alcançando o fígado e infectando os hepatócitos. O mecanismo patogênico da lesão hepática é multifatorial, envolvendo a replicação viral direta, a resposta imune mediada por células e a liberação de citocinas inflamatórias. A apoptose (morte) de células hepáticas e a lesão microvascular contribuem para a hepatocelular disfunção observada.
Quadro Clínico
Os pacientes podem apresentar um espectro de manifestações hepáticas na dengue, que incluem:
- Hepatomegalia (aumento do tamanho do fígado) com ou sem dor no hipocôndrio direito.
- Elevação das aminotransferases (enzimas hepáticas), frequentemente com AST superior à ALT.
- Icterícia (olhos e pele amarelos), em casos menos frequentes e geralmente associada à dengue grave.
Complicações e Gravidade
Embora a maioria dos casos resulte em alterações hepáticas transitórias, algumas situações evoluem para dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue, onde a disfunção hepática pode ser acentuada. As complicações mais graves incluem:
- Coagulopatia de consumo.
- Encefalopatia hepática.
- Hemorragia gastrointestinal secundária à coagulopatia e trombocitopenia.
- Falência hepática aguda.